O executivo municipal na Mealhada aprovou, com os votos contra do Partido Socialista, a localização onde o grupo Sonae quer instalar uma superfície «Continente bom dia», na Póvoa da Mealhada, salvaguardando um conjunto de exigências que se prendem com a arquitetónica do Cineteatro Messias, a circulação rodoviária, lugares de estacionamento e a manutenção do espaço arbóreo virado para IC2. «Não votarei o projeto final sem as referidas garantias e só o aprovarei se cumprir com toda a parte técnica», referiu, na sessão, que se realizou na manhã de ontem, o presidente do Município da Mealhada.

«Prevê-se a instalação da superfície “Bom Dia” no terreno atrás do Cineteatro Messias e houve o cuidado, a nível técnico de ver todos os constrangimentos que isso possa trazer aquela localização», começou por dizer António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada, enumerando vários requisitos que a obra terá que ter em conta: «Não pode ofuscar o Cineteatro Messias, que tem muito valor histórico para nós e para a região; o edifício também não pode ser muito mais alto do que a Esplanada ali existente(antigo Deza9Café), para também não ofuscar esse elemento arquitetónico daquela avenida; manter a “cortina verde” da Nacional, na zona pedonal do Bar; e que a entrada seja feita pela avenida junto à Igreja, mas a saída terá que ser em direção ao Lidl, para haver ali algum cuidado com o tráfego e evitar constrangimentos».

Também relativamente aos lugares de estacionamento são exigidos 80 privados e 128 públicos exigidos por lei. «O número de lugares de estacionamento, que deve também dar resposta ao Cineteatro, não está a ser cumprido», referiu ainda o autarca, acrescentando que «o conflito acústico tem que estar de acordo com o Plano Diretor Municipal e a empresa terá também que criar bacias de retenção de águas pluviais que, segundo o parecer técnico, devem ser divididas por duas condutas».

«Como está, indeferimos, fazendo as correções poderá ser aprovado», enfatizou António Jorge Franco, desvendando que falou com a Associação Comercial e Industrial da Bairrada e Aguieira sobre a situação. «Preocupa-nos ter mais uma média superfície, mas na verdade, também não queremos que as pessoas saiam para irem às compras», refutou.

Para o vereador José Calhoa, eleito pelo PS, tem que haver «alguma ponderação». «Estamos a comprimir ali tudo e este tipo de superfícies podiam ser alavanca de outros locais», referiu. Da mesma bancada, Rui Marqueiro quis saber a cota do terreno e que nível métrico ia ser aterrado: «Vão ter que o fazer, uma vez que o terreno não é plano, e eu, que conheço bem o Cineteatro, sei que vai ter um impacto negativo para aquele edifício». Declaração que levou o presidente da Autarquia a afirmar que «a entrada (para o espaço) vai ter, obviamente, que ser aterrada».

«Este assunto não é de agora e, em tempos, mostrei aos senhores dessa empresa um projeto apreciado e votado junto à EN234, na fábrica das rolhas. A empresa não quis, porque queriam vir para aqui, para o centro», lamentou Rui Marqueiro.

Filomena Pinheiro, vice-presidente da Autarquia, partilhou «das preocupações do senhor presidente, nomeadamente, quanto ao enquadramento paisagístico e arquitetónico». «Relativamente ao compromisso do promotor, penso que este investimento cabe no que é a sua pretensão», disse.

Presente na sessão, e antes que o ponto fosse discutido, esteve também um representante do Grupo Sonae que declarou «o grande interesse» em ter a marca no concelho da Mealhada. «Temos um certo desgaste pelo tempo que temos dedicado a este projeto e gostávamos de uma solução definitiva. Iremos para um espaço devoluto e criaremos empregos», justificou, recordando a presença «em quase todos os municípios do país».

 

Mónica Sofia Lopes