Criada em setembro de 2004, mas só registada como associação quatro anos depois, a escola de samba Amigos da Tijuca está em mudança da sua sede social e física para o concelho da Mealhada, instalando-se num dos espaços das antigas instalações do Instituto da Vinha e do Vinho. A coletividade deixa assim o município de Cantanhede e a localidade de Enxofães, onde estiveram desde a sua fundação.
«Logisticamente tínhamos um grande problema. Tínhamos disponível uma sala na antiga Escola Primária de Enxofães e o pavilhão da Associação Cultural e Recreativa de Enxofães, sempre que esta coletividade não necessitasse para as suas atividades que, com a mudança de direção, começou a ser mais intensa», declarou, ao nosso jornal, Patrícia Pinto, presidente da direção do Grupo Recreativo Escola de Samba Amigos da Tijuca, garantindo ainda que andam «sempre com a casa às costas» e têm que «desmanchar fatos todos os anos por não termos um lugar para os guardar». «No último verão, fartamo-nos de recusar atuações por não haver um local para ensaiar», lamentou ainda a dirigente, enfatizando que «a escola cresceu e a atividade que temos hoje, não é a mesma de 2010
«No pós-pandemia, voltamos com mais força e a direção passou a estar mais ativa. Como na campanha autárquica tínhamos sido visitados pelos candidatos do movimento independente da Mealhada, que viram as nossas condições, resolvemos falar com a Autarquia que nos mostrou um espaço disponível no I.V.V., por acaso o mesmo sítio onde nos costumamos vestir quando são os corsos do Carnaval», explicou Patrícia Pinto, acrescentando que «a mudança foi aprovada, por maioria, em assembleia-geral» da escola.
A proposta de protocolo de cedência de instalações celebrado entre o Município de Mealhada e o GRES Amigos da Tijuca foi aprovado pelo executivo municipal, em janeiro passado, por unanimidade, e a escola começou logo a ocupar o espaço para alguns dos trabalhos em prol da edição de 2023 do Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada.
Também os Sócios da Mangueira se debatem com o problema da sede, depois do local onde estavam há anos – antigos lavadouros na Póvoa da Mealhada – ter sido assolado por um incêndio em agosto de 2020. «Fizemos o Festival de Samba num espaço do IVV na Mealhada e agora preparamos o Carnaval no Pavilhão da Antes. Quando começámos os preparativos tínhamos duas pistolas de cola quente», recordou, ao nosso jornal, antes do Carnaval deste ano, Miguel Almeida, da direção dos Sócios da Mangueira, acrescentando, contudo, que o importante «é sairmos à rua, algo em que houve momentos que não sabíamos se seria possível em 2023. Voltar era algo que assustava, mas felizmente vamos colocar na rua os Sócios da Mangueira».
Já Inês Machado, carnavalesca, confessa que a situação só se ultrapassa «com um grande poder de encaixe e de adaptação que a escola tem. É mau, sim, mas também podia ser pior». Apesar disso, a ânsia é a de regressarem à Póvoa da Mealhada, «local onde também é sentida a nossa ausência».
Recordamos que, recentemente, a Autarquia da Mealhada emitiu um comunicado dando conta de que «está em fase avançada de elaboração o projeto de arquitetura de reabilitação e ampliação do antigo lavadouro da Póvoa da Mealhada, que inclui a recuperação do edifício dos lavadouros e a ampliação com um novo edifício contíguo».
Já na Gala de apresentação de resultados do concurso de escolas de samba, que se realizou na passada sexta-feira, o presidente da Autarquia da Mealhada, António Jorge Franco, afirmo: “Vi algumas das escolas a andarem com a casa às costas e mesmo assim com muita vontade de trabalhar, mas o Município tem que pensar em criar condições para que possam trabalhar o ano inteiro”.
Mónica Sofia Lopes