«Foram três dias muito bons», garantiu, durante o corso da passada terça-feira do Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada, Alexandre Oliveira, presidente da direção da Associação do Carnaval da Bairrada, não avançando ainda com números oficiais de entradas nos três desfiles. Por parte das escolas de samba há o sentimento de «dever cumprido» e da importância, depois do trabalho dos últimos meses, de a «casa» ter estado sempre «cheia».
«O Batuque saiu à rua nos três desfiles com a máxima força para se apresentar no seu melhor. Temos o sentimento de dever cumprido e de muita união, depois de meses de trabalho», referiu, ao «Bairrada Informação», Patrícia Figueiredo, presidente da direção da escola de samba Batuque, confessando sentir «orgulho e prazer em voltar a desfilar» e de «sentir o Carnaval da Mealhada bem vivo e com casa cheia».
Para Diogo Rolo, presidente dos Sócios da Mangueira, escola que perdeu todo o seu espólio aquando de um incêndio que assolou a sede da coletividade em agosto de 2020, «este foi um Carnaval para dignificar a escola». «Cumprimos o nosso dever e tudo aquilo a que nos propusemos. A escola saiu bonita e feliz», enfatizou, congratulando-se por ter estado sempre «muito público».
Para a escola Amigos da Tijuca, que recentemente mudou a sua sede social da Enxofães (Cantanhede) para o concelho da Mealhada, «este foi o melhor Carnaval que fizemos na nossa história, com três desfiles magníficos». Considerando uma mais valia a mudança do corso para a Avenida 25 de Abril, uma das novidades do evento em 2023, a dirigente refere, contudo, que «o público não estava habituado a usar aquela rua», admitindo a concentração de muitas pessoas em alguns locais e em outros não. «No desfile noturno foi notória a presença de muitos elementos de escolas de samba de outros carnavais», declarou.
Gilberto Lima, presidente da Real Imperatriz, de Casal Comba, confessa «um grande cansaço com o trabalho dos últimos meses». «Depois da anterior direção se demitir, a nossa começou a trabalhar para este Carnaval em finais de novembro. Pegamos num tema que não foi escolha nossa, mas que era fantástico e tinha um potencial enorme», desvendou o dirigente, garantindo que foi «uma escolha acertada» e que «o resultado final é muito positivo». «Valeu a pena», confessa, enaltecendo o facto de os três desfiles «terem tido muito público». «Não tenho ideia de nos últimos anos ver tanta gente no nosso Carnaval», disse ainda, acrescentando que o crescimento para a Avenida 25 de Abril foi «uma aposta ganha, que muito se deve à excelente organização por parte da ACB».
E a Associação do Carnaval devolve o «aplauso», com elogios às escolas, que apelida de «incríveis e fantásticas», sem esquecer o papel dos reis do Carnaval – Jardel e Jaciara -, que «projetaram o nosso Carnaval, tendo tido cá, à custa disso, a RTP durante um dia e o programa de Fernando Alvim em direto da Mealhada». «O apoio logístico da Câmara Municipal foi inexcedível», agradeceu ainda Alexandre Oliveira.
Já na reunião do executivo, que se realizou na passada segunda-feira, António Jorge Franco, presidente da Autarquia da Mealhada, referiu, relativamente ao corso de domingo, que «foi um Carnaval extraordinário». «Teve por trás, uma grande equipa nossa, municipal, que fez um trabalho árduo e dedicado, onde não vi ali ninguém zangado», congratulou.
No desfile de domingo, como habitualmente, as escolas de samba foram avaliadas por uma comissão técnica e o público teve a oportunidade, pela primeira vez, de dar o seu contributo através do Voto Popular, duas avaliações distintas, cujos resultados serão conhecidos na noite desta sexta-feira, numa Gala que se realiza no Cineteatro Messias.
Carnaval da Mealhada com «“enchente” (no domingo) como há muitos anos não se via»
«Uma enchente como há muitos anos não se via». As palavras são de Alexandre Oliveira, presidente da direção da Associação do Carnaval da Bairrada, que fez um balanço «totalmente positivo» do primeiro corso do Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada, que se realizou na tarde do passado domingo, nas principais artérias da cidade da Mealhada, e onde estiveram milhares de pessoas.
«O Espelho – Reflexos de histórias», dos Sócios da Mangueira; «Pés na Terra – A nossa pegada», do Batuque; «A Vida dos mortos, está na Memória dos vivos»; da Real Imperatriz; e «Sou Livre, sou Linda, sou Luta, sou Minha», dos Amigos da Tijuca; foram os enredos que desfilaram nos corsos do Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada deste ano. «Há cinco anos que não vinha ver este Carnaval e acho que está muito melhor», declarou, ao Diário de Coimbra, Maria Lopes, de Águeda, definindo o corso de «muito bonito» e «espetacular».
Em 2023, as grandes novidades do Carnaval da Mealhada foram a mudança do corso, a prolongar-se pela Avenida 25 de Abril e também o voto popular que permitiu a quem visitou o primeiro corso deste espetáculo poder dar o seu contributo votando na escola que mais gostou. Simone Marques veio de Paredes do Bairro, no concelho de Anadia, acompanhada do marido e do filho, para assistir ao desfile, um hábito tem já há muitos anos. «Estou a gostar e acho boa esta ideia de o público poder votar», disse, não desvendando o seu voto, uma vez que «ainda faltam passar duas escolas».
Para além das quatro escolas de samba, o espetáculo, com duração de três horas e meia, contou com a participação de gaiteiros e cabeçudos, Fanfarra de Gondomar, Mala d’Arte e Dance With Hearth. Carlos Ferreira, esposa e filha chegaram, na manhã de domingo, ao aeroporto do Porto, vindos de França, país onde estão emigrados. Antes de rumarem a Marco de Canaveses, «para dar início às férias», foram à Mealhada «para comer leitão e ver o Carnaval». «É a primeira vez que venho e estou a achar muito engraçado», afirmou, ao nosso jornal, Carlos Ferreira, garantindo ir votar. «Se calhar até seremos injustos, mas quem fez todo este trabalho deve gostar desta recompensa do público».
O antigo jogador de futebol, Jardel, e a influencer, Jaciara, vieram diretamente do Brasil para ocuparem o trono do Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada e foram muito aplaudidos durante todo o corso. «A Mealhada é uma cidade maravilhosa e é uma honra fazer parte desta festa com tanta gente na avenida e tanto amor», enaltece a rainha com palavras corroboradas por Jardel. «Carnaval é alegria, diversão e tradição e é muito importante valorizar a cultura», congratulou.
«Foi um regresso cheio de ansiedade, mas estamos todos muito felizes, escolas, Associação de Carnaval e também o público», afirmou Alexandre Oliveira, agradecendo «o trabalho social incrível das escolas e do Município da Mealhada, que foi um parceiro fundamental».
Também na segunda-feira, 20 de fevereiro, o Carnaval da Mealhada voltou a sair à rua com um desfile noturno, «um conceito criado há quatro anos, cujo brilho das luzes torna as alegorias diferentes», enfatizou o dirigente.
Tradições, homenagens, reflexões e mensagens «desfilaram» no Carnaval da Mealhada
«O Espelho – Reflexos de histórias», dos Sócios da Mangueira; «Pés na Terra – A nossa pegada», do Batuque; «A Vida dos mortos, está na Memória dos vivos»; da Real Imperatriz; e «Sou Livre, sou Linda, sou Luta, sou Minha», dos Amigos da Tijuca; são os enredos que desfilaram nos corsos do Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada, nas tardes de 19 e 21 de fevereiro e na noite de segunda-feira de Carnaval, na cidade da Mealhada. Centenas de foliões estrearam o desfile na Avenida 25 de Abril nos corsos diurnos e o público foi também chamado a intervir, na tarde de domingo, com a estreia do voto popular, que deu a oportunidade a quem visitou o recinto de poder escolher a escola de samba de que mais gostou. O custo de cada entrada foi de seis euros, valor idêntico aos últimos anos, e o das bancadas (que em 2023 foram quatro e não duas) desceu de três para dois euros.
Pouco depois do Carnaval de 2020, o mundo foi assolado pela pandemia por Covid-19, o que privou a Mealhada de, durante dois anos, realizar o evento carnavalesco, que já cumpriu meio século de vida, nos moldes habituais. «O Carnaval faz parte de nós, o choque foi grande sem termos tudo isto à nossa volta», recordou Inês Machado, carnavalesca da Sociedade Mangueirense, admitindo «uma felicidade imensa em voltar a viver o Carnaval». «Foi um caminho difícil de recuperar, mas houve um trabalho de equipa que fez com que as pessoas retornassem à nossa casa, voltando com muita força», corrobora Patrícia Figueiredo, presidente da direção do Grémio Recreativo Escola de Samba Batuque, da Mealhada.
Passado o interregno, e antes dos corsos de 2023, as escolas confessaram, ao «Bairrada Informação» alguma «ansiedade» em desfilar novamente na avenida e apresentar ao público o trabalho «intenso» dos últimos meses. «“O Espelho – Reflexos de histórias” espelha a sociedade, com uma componente de auto-reflexão e significados psicológicos e históricos», referiu Miguel Almeida, da direção dos Sócios da Mangueira, desvendando que a comissão de frente representa «o espelho no seu todo, com duas histórias da infância, que serão reconhecidas pelo público». «A partir daqui temos várias representações do espelho nas diversas alas. Temos o espelho na sociedade, o espelho na história, na religião, na ciência, nas origens e nas crenças», continuou, afirmando que a escola iria ter na avenida 160 desfilantes.
O Batuque, que terá nos corsos 155 elementos, pretende «levar mais do que samba, mais do que um espetáculo». «O nosso tema traz uma problemática atual, muitas vezes ignorada. Reforçar e dar voz à luta de muitos», explicou Marcelo Barreto, recordando que «toda a presença do Homem tem consequências, no ambiente, na comunidade». A comissão de frente representa «a origem do tema e o ponto de luta entre o Homem e a Natureza», já o final surge «como uma mensagem de esperança, mesmo que cada vez estejamos a fazer alguma coisa tarde demais». «Estarmos na avenida não é só levar um fato, é levarmos uma mensagem num momento de alegria», referiu o carnavalesco do Batuque. «É grandioso ter esta oportunidade de juntar a arte com uma mensagem global e de esperança», remata a presidente da direção do Batuque.
«Dois anos de algum isolamento, fazem com que agora queiramos extravasar e os ensaios assim o comprovam», garante Gilberto Lima, presidente da direção do Grupo Recreativo Escola de Samba Real Imperatriz, oriunda de Casal Comba. A coletividade transportou para a avenida a celebração do Dia dos Mortos no México, um evento que se realiza anualmente em novembro e que é Património Cultural Imaterial da UNESCO, cujo tema foi pensado por Sara Faria e Beatriz Bernardes. «Acreditam que quando uma pessoa morre, o dia tem que ser festejado em festa com os entes queridos», explica Inês Almeida que com Micael Lourenço foram os carnavalescos da escola, que levou na avenida 130 elementos. «Esta é uma tradição com cerca de três mil anos, que recorda os mortos com uma festa enorme, onde as ruas estão enfeitadas e são confecionadas as comidas que os que já partiram gostavam», enfatiza Gilberto Lima.
«Mulheres» são a base do enredo do Grupo Recreativo Escola de Samba Amigos da Tijuca. «Considero que há uma necessidade de falar do empoderamento da mulher, até a nível nacional», começou por explicar o carnavalesco Tomás Almeida, enumerando que, em desfile, são focadas várias mulheres do mundo, que se distinguiram, entre muitas coisas, pela sua liberdade e pela sua beleza. «à medida que a escola vai passando, as mulheres vão sendo identificadas pelo público», continuou, desvendando que «a comissão de frente é uma homenagem a Catarina Eufémia, vítima de um regime opressor. Já o casal Mestre Sala e Porta Bandeira representaram muitas mulheres que foram esquecidas». A escola levou aos corsos 128 elementos distribuídos por treze alas.
Em todas era unânime a vontade de que «a casa enchesse» nos dias dos corsos. «Trabalhamos para o público e é também por ele que apresentamos um espetáculo cada vez melhor», apelou Micael Lourenço, recordando ser este «o Carnaval mais brasileiro de Portugal».
Textos de Mónica Sofia Lopes
Fotografias noturnas de José Fernandes e Michael Cardenas, alunos na EPVL
Diretos dos três corsos em https://www.facebook.com/bairradainformacao
Galeria de fotografias de José Moura, Nuno Rodrigues, José Fernandes e Michael Cardenas em https://www.facebook.com/bairradainformacao