Está a decorrer, por tempo indeterminado e por todo o país, uma greve convocada pelo Sindicato de Todos os Professores (S.T.O.P), ao qual não se associaram a Fenprof e a FNE. Na passada segunda-feira, muitos foram os docentes que fizeram vigílias junto às Câmaras Municipais e na Mealhada não foi exceção com mais de uma dezena de participantes. Esta paralisação surge aquando das negociações do Ministério da Educação com os sindicatos, sendo que no rol das principais preocupações dos docentes estão, e segundo muitos deles, «as alterações ao modelo de concurso de colocação de professores e as condições da carreira (salários, dificuldades na mudança de escalão, tempo de serviço congelado, entre outras)».
À porta dos Paços do Concelho na Mealhada, ao final da tarde da passada segunda-feira, estava Emília Penetra, docente há 32 anos, que se mostrou preocupada com «as alterações aos concursos» no que diz ser «uma municipalização dos professores, através de conselhos intermunicipais, que serão escolhidos a nível local, com todos os fatores, incluindo partidários, que isso implica».
Para além disso, esta professora, que leciona numa escola do concelho de Águeda, reivindica «os sete anos de serviços tirados, as condições péssimas em que muitas vezes se trabalha, o facto de com 32 e 33 anos de serviço não se chegar ao topo da carreira e a reforma ser aos 67 anos numa profissão com muito desgaste».
«Esta é uma luta que ultrapassa este sindicato. Aliás, grande parte dos professores que estão na luta, não são sindicalizados nem neste, nem em outro qualquer sindicato», referiu, garantindo ainda: «Estou no sexto escalão e atualmente ganho menos líquidos do que aquilo que ganhava em 2004».
No mesmo local, encontrámos Isabel Baptista também docente numa escola de um agrupamento vizinho. «Há dezoito anos que sou contratada, numa profissão de muita exigência que não é reconhecida dignamente», disse a docente, garantindo que em períodos que está no desemprego, por falta de colocação, «chamam-me para todo o tipo de trabalhos. Há 18 anos que ando nisto». «Se estas medidas de contratação avançarem, quando ficar desempregada, qual será a Câmara que me vai contratar?», questiona retoricamente.
O Ministro da Educação, João Costa, em declarações a um canal televisivo, há dois dias, garante que «há uma afirmação clara, por parte do Governo, de que o recrutamento dos professores nunca será municipalizado». «Pretende-se criar ruído, agitação e medo», disse referindo-se aos sindicatos.
Mónica Sofia Lopes