O executivo camarário na Mealhada, a pedido do vereador da oposição Rui Marqueiro, eleito pelo Partido Socialista, analisou, de forma preliminar, a possibilidade de mudança do concelho da Mealhada do distrito de Aveiro para o distrito de Coimbra ou, em alternativa, a mudança de Comunidade Intermunicipal. Para o antigo presidente da Autarquia não faz sentido que a Mealhada pertença ao distrito de Aveiro, mas esteja na CIM da Região de Coimbra, constituída em 2013. Já para o executivo eleito pelo Movimento Independente Mais e Melhor o tema «é complexo, carece de estudos concretos e até de auscultação da população».

O tema vem sendo levantado, na Mealhada, pelo PS, desde 2014, e agora não foi exceção. Rui Marqueiro quis agendar o ponto na ordem de trabalhos do executivo por forma a ser discutido pelos eleitos na Autarquia. «Há muito que o distrito deixou de ter a importância do passado, a não ser no que toca a candidaturas», referiu, garantindo ser um assunto para o qual só há duas soluções: «Ou mudamos de distrito, que passa por uma decisão da Assembleia da República, que será tudo menos fácil; ou mudamos de CIM, que já será uma mudança municipal».

«Hoje, passados oito anos em reuniões da CIM – Região de Coimbra, não sei se não fomos para lá apressadamente. A Comunidade do Douro tinha 19 municípios e a nossa região não queria ficar atrás», referiu Rui Marqueiro, afirmando que «quando foi para intervir no Convento de Santa Cruz foi preciso intervenção da dr.ª Ana Abrunhosa (na altura na CCDR Centro), porque a CIM de Coimbra chumbou».

Para António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada, «há um peso histórico no distrito. Eu sou aveirense e as pessoas, devido a toda a história, devem ter orgulho em pertencer a Aveiro». Por outro lado, o autarca diz sentir-se «muito bem» na CIM – Região de Coimbra, entidade que considera que «tem feito um bom trabalho» e defendeu que, a existirem mudanças, «será importante a população começar a debater se quer estar no distrito de Aveiro ou mudar para o de Coimbra».

«Isto é uma reflexão que tem muito a ver com as dinâmicas territoriais. Quando mudámos de NUT (Unidade Territorial), sabíamos que na Região de Coimbra tínhamos a vantagem de continuar a fazer investimento e onde teríamos mais oportunidades», declarou Filomena Pinheiro, vice-presidente da Autarquia, acrescentando ainda que «hoje a Comunidade Intermunicipal de Aveiro se designa de Região de Aveiro, mas no passado chamava-se Ria de Aveiro e nós nem ria tínhamos». «Julgo que este assunto, neste momento, é uma não questão», defendeu.

Também José Calhoa, vereador eleito pelo Partido Socialista, afirmou que «o distrito é uma linha imaginária» e que o concelho da Mealhada «foi enxertado com várias regiões que nada têm a ver». «Se perguntarmos à população, parte de Barcouço quer pertencer a Cantanhede e parte de Ventosa do Bairro quer estar em Anadia», disse, lamentando que «o que nunca foi bem explicado foi a nossa passagem para a CIM de Coimbra», reconhecendo, contudo, que «o trabalho da CIRA tem sido bom».

O vereador Hugo Silva considerou «não haver nenhum estudo credível», afirmando não ver «qualquer tipo de ganho neste tipo de discussão, impreparada e sem vantagem prática para a população».

Gil Ferreira, também vereador na Autarquia, disse reconhecer «algum interesse» na temática, afirmando que sendo esta «uma questão administrativa, com mais de um século de revisão, o desligamento ainda é mais questionável». «Este é um assunto complexo que merece muitos estudos concretos», disse.

 

Mónica Sofia Lopes