«Esta exposição no Bussaco vai-me ficar para sempre marcada, porque assinala uma viragem depois do interregno forçado que vivemos. Espero que tenham tanto prazer em ver estes presépios, como eu tive em revê-los». As palavras são de Maria Cavaco Silva que, na passada sexta-feira, inaugurou uma mostra com cerca de 150 peças do seu espólio, no Convento de Santa Cruz, na Mata Nacional do Bussaco, que ficará patente até ao próximo dia 8 de janeiro de 2022. Para Guilherme Duarte, presidente da Fundação Bussaco, a programação de Natal, da qual faz parte a mostra de presépios, pretende combater a sazonalidade no Bussaco, local que deseja que venha a ser considerado Património Mundial da UNESCO.
O espólio é grande, tão grande, que Maria Cavaco Silva, antiga primeira-dama, não consegue quantificar e nem explicar, muito bem, como começou a pensar numa coleção, recordando-se, contudo, «perfeitamente do presépio número um». «Sou algarvia e lembrava-me dos presépios da minha avó. Em Lisboa fiz o que consegui, mas foi com o nascimento da minha filha que comecei a procurar um “presépio bebé” que só encontrei em Campo de Ourique», começou por explicar, acrescentando que a coleção surge perante «a dificuldade que havia, há muitos anos, de se obterem presépios».
«Hoje as coisas são diferentes, encontram-se muitos e de vários autores. No meu espólio tenho presépios de várias partes do mundo, da Tailândia, da República Centro Africana, de Timor, de Cabo verde, da Guiné, de Moçambique, mas também do Alentejo e de Barcelos», enumerou Maria Cavaco Silva, Professora de Literatura até se reformar, que, neste momento, «tem parte dos presépios no Bussaco, outros no Norte e há aqueles que ficam permanentemente em casa». Sobre esta deslocalização da mostra, a antiga primeira-dama, que se fez acompanhar pelo marido Aníbal Cavaco Silva, antigo Presidente da República, explicou que «partilhar é um gosto». «Gosto muito de todos eles e, por isso, acho que as outras pessoas deverão também gostar de os ver», enfatizou.
«Estamos hoje num bosque encantado, cheio de história religiosa, e tantos são aqueles que visitam este Convento durante todo o ano», congratulou Guilherme Duarte, presidente da Bussaco, afirmando que «a programação do Natal pretende colmatar a sazonalidade que a Mata atravessa durante alguns meses do ano». «Queremos divulgar todas as valências que temos, dando a conhecer o Bussaco, sem esquecer a relação umbilical com o Luso, com o concelho, com a região e com o país», disse.
Para Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, a exposição escolhida é o exemplo vivo do que se pode fazer para esbater a sazonalidade. «A Mata Nacional do Bussaco tem um ativo imenso, desde logo pela réplica fiel da Via Sacra de Jerusalém e, por isso, estamos aqui hoje a viver um grande momento, de partilha e generosidade», referiu, enaltecendo o facto de, a nível turístico, «o ano de 2022 representar uma franca recuperação em que (na região Centro) superámos os números recorde de 2019».
A exposição de presépios no Convento do Bussaco, da qual fazem também parte meia centena de peças de colecionadores e artesãos regionais do concelho da Mealhada, estará patente até ao próximo dia 8 de janeiro, numa iniciativa da Fundação, que incluirá eventos e atividades, durante as próximas semanas.
A 4 e 18 de dezembro, das 10h00 às 12h00, as atividades são para toda a família, com as “Oficinas Mágicas”; e a 17 de dezembro, pelas 16h00, decorrerá uma tarde de fados e guitarradas no Convento. A 7 de janeiro de 2023, pelas 15h00, o “Cantar dos Reis” será com o Grupo Regional da Pampilhosa; e, pelas 16h30, no Convento do Bussaco, decorrerá um recital com o Coimbra Gospel Choir.
Texto de Mónica Sofia Lopes
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