«Dar mais vida ao Museu do Vinho da Bairrada; aumentar a percentagem de certificações; procurar trazer mais eventos mediáticos; e avançar (“já amanhã de manhã”) com o futuro Centro de Investigação do Espumante» foram os conselhos deixados, na noite do passado sábado, por Vasco D`Avillez, entronizado Confrade de Honra, aquando do XLIV Capítulo da Confraria dos Enófilos da Bairrada. A cerimónia realizou-se, como habitualmente, no Palace Hotel do Bussaco, no concelho da Mealhada, Município que foi também entronizado Confrade de Mérito.

«Estou comovidíssimo por estar aqui. É muito raro em Portugal prestarem homenagens em vida e, a mim, vocês estão a fazê-lo», começou por dizer Vasco D’Avillez, grande personalidade do vinho em Portugal, que fez um resumo da história da Bairrada, garantindo ser uma região que «desde o tempo de Marquês de Pombal que sabe que a vida é dura».

Mas nesta entronização, Vasco D’Avillez, figura que «serve os vinhos portugueses há mais de cinco décadas e é uma das mais importantes e interventivas personalidades do setor em Portugal», deixou alguns conselhos à região: «Devem sentir-se felizes pela existência do Museu do Vinho da Bairrada que, cada vez mais, tem que ser o repositório dos vinhos daqui. É preciso dar-lhe mais vida». Enaltecendo «os 210 hectares de plantação de vinha, nos últimos cinco anos, na Bairrada», o também antigo presidente da ViniPortugal, onde serviu por três mandatos, lamentou que «dos 18 milhões de litros produzidos de vinho em 2021, apenas cinco foram certificados» e que «dos 13 mil e 300 hectares de vinha na Bairrada e na Beira Atlântico, só 17% é DOP (Denominação de Origem Pritegida) e 3% IGP (Indicação Geográfica Protegida)». «Temos de certificar mais, para produzir melhor», insistiu.

Por outro lado, o condecorado, em 2015, com a Comenda de Ordem do Mérito Agrícola pelo Presidente da República, explicou que é preciso «procurar mais exemplos de eventos mediáticos, como o do Concurso Mundial de Bruxelas que, este ano, se realizou em Anadia» e «avançar com o futuro Centro de Investigação do Espumante, tendo-o pronto já amanhã de manhã». «Há coisas que só nós, Bairrada, sabemos fazer e é preciso ter um Centro com toda a credibilidade a funcionar. Não se esqueçam que em todo o lado do mundo se fala de vinhos, mas romântico há só um, o espumante», declarou.

«Se a história do último século nos dizia que a Bairrada era a região por excelência para produção de tintos de guarda, hoje há todo um novo mundo de descobertas. Afirmamo-nos como a grande região produtora de espumantes em Portugal. Arriscamos e investimos mais e, atualmente, criamos a nossa própria ambição em espumantes com estágios cada vez mais longos, onde valorizamos as castas autóctones e, ao mesmo tempo, mantivemos uma tradição iniciada em 1890», explicou também Célia Alves, presidente da Confraria dos Enófilos da Bairrada, a mais antiga de Portugal em atividade, garantido que «segura é também a constatação de que a região é perfeita para a criação de grandes brancos, assim como, atualmente nascem na Bairrada rosés de muita elevada qualidade».

«Porque tudo começa na vinha, aperfeiçoamos métodos, usamos a ciência vitícola e o conhecimento empírico e, com isso, passamos a produzir com maior qualidade, otimizando os processos e vindimando no ponto perfeito de maturação», enalteceu.

 

Mónica Sofia Lopes