A Assembleia Municipal da Mealhada aprovou, por maioria, em setembro passado, uma alteração ao número máximo de Unidades Orgânicas Flexíveis na Autarquia, que passam assim de quinze para vinte. A falta de encarregados e de chefes em certas unidades, a necessidade de uma maior organização dos serviços e o facto de a Câmara estar para receber “responsabilidades de fora” (devido à descentralização de competências) foram alguns dos argumentos apresentados pelo executivo liderado por António Jorge Franco.
“Temos atualmente quinze unidades orgânicas na Câmara e a necessidade de fazer alguns reajustes. Não temos um encarregado há não sei quantos anos, não temos um chefe em certas unidades que são importantes para os serviços estarem mais organizados e estamos a receber cada vez mais responsabilidades de fora”, explicou o presidente da Autarquia, referindo-se às competências da Administração Central que serão entregues ao Município, nomeadamente, “educação, serviço social, saúde e certamente tudo aquilo que esteja ligado às vias”.
“Precisamos de serviços organizados e não tão grandes. Em alguns existe um chefe de divisão, mas depois até ao colaborador não há ninguém que coordene. É, de facto, uma dificuldade”, enfatizou o edil.
Da bancada socialista, Frederico Santos disse não entender “a real necessidade da proposta”. “Estão aqui bem representadas as quinze unidades orgânicas, mas depois não explica bem essa necessidade das vinte”, disse o deputado municipal, afirmando ainda: “Temos vindo acompanhar que o que existe é falta dos trabalhadores de base, os tais pedreiros, carpinteiros, cantoneiros e jardineiros, mas o que vamos aqui votar é mais uns quantos chefes que não sabemos bem de quê ou de quem”. “Por outro lado, o senhor presidente vai dando a entender, por diversas vezes, que existem problemas financeiros, mas estes lugares de chefias devem acarretar um aumento de despesa dos recursos humanos”, concluiu.
Em resposta, o presidente da Câmara da Mealhada explicou que “nas equipas de trabalho são também precisas chefias. Nos jardins quem é o chefe de rua? Nas obras a mesma coisa”. “O objetivo não é ter chefes de divisão ou chefes de setor, mas pequenos grupos de trabalho com alguém a chefiar”, acrescentou.
André Melo, deputado eleito pelo Movimento Independente Mais e Melhor, justificou o voto favorável da bancada: “Vamos apoiar porque acreditamos que é uma ferramenta de gestão que este executivo necessita”. “Achamos que deve ser promovido quem muitas vezes já é encarregado, assumindo a posição sem a remuneração correspondente e sem uma definição na equipa de trabalho”, declarou.
Sobre o tema, António Jorge Franco já tinha explicado, em reunião de Câmara, que “se calhar nem serão precisas mais cinco unidades, mas temos que analisar porque há necessidades em algumas áreas. Andamos também a perceber como as outras Câmaras funcionam”.
Também o vereador da oposição, Rui Marqueiro, afirmou que «as grandes áreas que a Câmara irá receber com a descentralização são a Educação, a Saúde e a Ação Social». «A Educação tem uma divisão e um setor. Relativamente às outras, devemos ter a divisão da Ação Social e ser aí que fica a Saúde, pois sabemos que se vai dividir em funcionários e em obras», referiu Rui Marqueiro, afirmando ainda que «terá que haver alargamento de funcionários da Ação Social para tudo aquilo que esta área terá que fazer».
Preocupação com falta de mão-de-obra em alguns setores
Durante a reunião, que se realizou em setembro passado, o presidente da Câmara da Mealhada lamentou ainda a falta de assistentes operacionais em diferentes áreas da Autarquia. Relativamente à Educação, “tínhamos um conjunto de pessoas previstas para dar resposta às necessidades (das escolas), que acabaram por desistir”.
“Há mais procura do que resposta. Tivemos seis desistências do Centro de Emprego e outras duas pessoas que arranjaram trabalho a ganhar mais. Porque depois temos a questão do salário que não conseguimos resolver, em que a função pública paga abaixo do privado”, lamentou o autarca, desvendando: “Ainda este fim-de-semana, um empresário da restauração me disse que vai ter que fechar mais dias por semana porque não consegue pessoal para trabalhar”. “A falta de mão-de-obra está a ser um problema nas áreas da limpeza, da construção e da restauração”, rematou.
Mónica Sofia Lopes