A Infraestruturas de Portugal (IP) afirma que “não é possível reabrir o serviço no próximo mês de janeiro, sendo necessário prolongar a interdição do serviço ferroviário”. A situação foi comunicada aos autarcas dos municípios abrangidos pelas obras de modernização da Linha da Beira Alta numa visita às obras, durante a qual o presidente da Câmara da Mealhada voltou a alertar para a “necessidade urgente de colocação de abrigos para os passageiros”

A IP adianta que o transporte de passageiros continuará a ser garantido pela CP em transportes rodoviários alternativos, o que torna ainda mais premente a reivindicação do autarca da Mealhada. “Estamos a acompanhar o desenrolar dos trabalhos de uma forma muito atenta e voltámos, nesta reunião, a frisar que é imprescindível a colocação de abrigos para os passageiros. No Município da Mealhada não foi colocado nenhum abrigo e, com a entrada no inverno, os passageiros aguardam os autocarros à chuva”, afirma António Jorge Franco, presidente do Município da Mealhada.

As razões invocadas pela IP para a não abertura do serviço são diversas: o impacto da pandemia, a guerra na Ucrânia e o consequente aumento de preços e dificuldade de fornecimento de materiais, mas, sobretudo, o facto de já no decorrer da empreitada, em setembro de 2021, a IP ter sido confrontada com a Declaração de Impacto Ambiental relativa à Duplicação do IP3, Coimbra – Viseu, que não validou a nova variante a Santa Comba Dão, tendo sido antes aprovada a solução de duplicação do atual troço do IP3. Esta decisão obriga, assim, à demolição da atual obra de arte (viaduto) da Linha da Beira Alta no cruzamento com o IP3, sendo que a intervenção já foi iniciada e tem como prazo de execução 270 dias.

 

Presidente da Autarquia da Mealhada apela a cuidados nas obras da concordância

António Jorge Franco aproveitou o encontro para sensibilizar também os responsáveis da IP para os cuidados a ter nos locais onde decorre a obra de concordância entre a Linha do Norte e a Linha da Beira Alta. “Temos obra a decorrer, sobretudo no Travasso, mas também noutros lugares, e é necessário fazer-se o possível – eu diria até o impossível – para acautelar que os constrangimentos são mínimos para as populações. Falo das poeiras, das lamas, da danificação de pisos, enfim, de todos os inconvenientes provocados por uma situação de obra, mas que podem ser minimizados tendo em atenção as populações”, sublinha o presidente da Câmara da Mealhada.

Recordamos os nossos leitores que, em novembro passado, alguns moradores do Travasso deram conta da situação em Assembleia Municipal. Na ocasião, dois munícipes lamentaram «o barulho violento à noite», «a falta de segurança nas ruas» e «muito pó», considerando que «a população devia ter contrapartidas compensatórias».