Nome: Mário Garcia

Idade: 49

Profissão: Angariador / vendedor imobiliário

Naturalidade: Brasileira

 

Mário Garcia deixou o Brasil com 19 anos em busca de autonomia financeira. Hoje conta com mais anos de vida em Portugal do que no país de onde é natural, tendo-se fixado na Mealhada há 26. Com dois filhos e uma vida profissional ligada ao setor imobiliário, Mário Garcia destaca a segurança e assistência em saúde, para além da família que constituiu em território português, como motivos essenciais para cá permanecer.

Nasceu em Londrina, no Estado do Paraná, sul do Brasil, mas foi criado em Rondónia, na região Amazónica, onde viveu até aos 19 anos, altura em que rumou a Portugal. Do outro lado do Atlântico, Mário Garcia estudou até ao 12.º ano, jogou andebol e iniciou a sua primeira atividade profissional, na funerária que era explorada pelo pai.

Este primeiro percurso laboral facilitou-lhe a vida à chegada a Lisboa, uma vez que arranjou logo trabalho no mesmo setor. «Tinha uma pessoa amiga que estava a viver em Lisboa e me ajudou muito nesta vinda em 1992», recorda Mário Garcia, explicando que, durante o dia, trabalhava numa agência funerária e à noite numa pizzaria.

A decisão de emigrar com 19 anos passou muito pelo facto «de Portugal representar uma autonomia financeira imediata». «Naquela altura, a vida no Brasil era ainda mais difícil, sem escolaridade e pobre», refere, acrescentando que, à época, «não era necessário ter-se visto para vir para Portugal» e que a língua ajudou muito na escolha do país.

Dois anos depois de trabalhar em Lisboa, a cadeia de estabelecimentos da pizzaria onde trabalhava alargou e Mário Garcia deslocou-se para um deles que abriu no Porto. Ali, para além de manter o emprego, conseguiu regressar ao seu desporto de infância, o andebol, tendo jogado inclusivamente na segunda divisão de um clube da cidade.

«Foi no Porto que conheci uma pessoa da Mealhada, que me fez visitar esta localidade», recorda Mário Garcia, descrevendo que «a gastronomia, o vinho e o ambiente brasileiro, muito proporcionado pelo Carnaval» foram pontos essenciais para a sua fixação. «Acostumei-me facilmente com as características da Bairrada e a vida pacata que proporciona. Um local onde fui fazendo amigos, ao longo destes 26 anos, e ficando até constituir família, um menino de oito anos e uma menina de quatro», acrescentou.

Em 2007, Mário Garcia inicia a sua atividade profissional no setor imobiliário em Coimbra; e, em 2012, abraça um projeto para ter a sua própria imobiliária na Mealhada. Atualmente, mantém-se empresário do ramo.

Com vida estabilizada cá, Mário Garcia não pensa regressar ao Brasil sem que o motivo sejam férias, o que, aliás, acontece com regularidade. «Durante alguns anos, achei que quando me aposentasse teria como destino o Brasil, mas depois vieram os filhos e a linha de pensamento sobre o futuro mudou completamente», confessa, garantindo que há sempre muita saudade «dos onze meses de calor do Brasil, da comida da mãe e da família». «Quando se toma a iniciativa de emigrar, não se tem noção da importância da família. Os primeiros anos são uma maravilha. Depois as saudades apertam, mas já não há nada a fazer, porque estabelecemos vida a todos os níveis», refere.

A vivência em Portugal, descreve-a como «fácil», em lugares pequenos como a Mealhada, «em que todos as pessoas se conhecem». «Aqui estou tranquilo, jogo o meu futebol semanal, faço churrascos, bebo vinho, passeio e estou em família. Mas o topo deste país é a segurança e a assistência em saúde, que todos sabemos que é das melhores do mundo», enaltece Mário Garcia, que descreve o povo português como «cinco estrelas», apesar de «mais “fechadão” e estar sempre com medo do dia da amanhã». «A verdade é que para sermos felizes na vida, não a podemos levar tão a sério e tão ligada a bens materiais», remata.

 

Cartão de eleitor n.º 1 de imigrante na Mealhada

Mário Garcia orgulha-se de ser «o eleitor número um» referente a imigrantes na Mealhada. «Tenho muito orgulho nisso e voto sempre nas Autárquicas, refere, lamentando, contudo, que «não posso votar nas Legislativas e Presidenciais».

«Sou um estrangeiro que vive em Portugal há 30 anos», refere Mário Garcia, que, por opção, nunca pediu nacionalidade portuguesa.

 

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

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