(Imagem de Ângela Roma / Pexels.com)

Tal como acontece com outras doenças, a aterosclerose é uma doença crónica silenciosa cujos sintomas passam despercebidos, pelo menos no seu estado inicial. No entanto, esta é uma doença que traz inúmeros perigos para a saúde.

Uma vez que se trata da acumulação de placas de gordura, cálcio e outras substâncias nas artérias, o sangue passa a ter dificuldade em fluir pelos vasos.

Como consequência, podem surgir complicações associadas a oclusão de vasos arteriais como enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) ou isquemia dos membros inferiores. Por isso, é importante saber do que se trata esta doença e como é que se pode preveni-la.

 

O que é a aterosclerose?

Em resumo, a aterosclerose é uma processo inflamatório na parede arterial caracterizada pela acumulação de células inflamatórias, colesterol, cálcio e outras substâncias que levam à formação de placas de ateroma. À medida que a placa cresce irá restringir o lúmen das artérias, o que pode levar a uma diminuição significativa do fluxo sanguíneo ou até mesmo à oclusão das artérias.

Como resultado, os órgãos ou membros alimentados por estas artérias serão privados de sangue rico em nutrientes e oxigénio, o que leva à morte celular. Outro evento que se pode verificar é a embolização arterial, quando parte de uma placa solta-se e é arrastada pelo sangue até uma artéria de menor dimensão onde irá causar a sua oclusão completa. Um exemplo típico desse evento é a doença carótidea, que pode levar a um AVC.

 

Principais sintomas da doença

Por norma, a aterosclerose não causa sintomas no seu estado inicial. No entanto, quando se verifica embolização arterial (como acima descrito) ou uma obstrução sanguínea significativa podem verificar-se diferentes tipos de sintomas que variam de acordo com o órgão afetado.

Caso afete o coração, as manifestações podem passar pela dor no peito, falta de ar, entre outros sintomas, o que pode traduzir angina ou até mesmo um enfarte agudo do miocárdio. Se for o cérebro, pode causar diminuição da força ou mesmo perda total da força de um dos lados do corpo, perda súbita de visão, incapacidade para discursar, entre outras – o que poderá tratar-se de um Acidente Isquémico Transitório (AIT) ou AVC.  O AIT é quando os sintomas desaparecem em menos de 24 horas, enquanto que o AVC persiste por mais tempo.

 

Possíveis complicações

De forma sucinta, estas são algumas das complicações que a aterosclerose pode ser responsável:

  • Angina do peito;
  • Enfarte agudo do miocárdio;
  • Doença renal crónica;
  • Doença carotídea;
  • Acidente Isquémico Transitório (AIT);
  • Acidente vascular cerebral (AVC);
  • Doença arterial periférica.

Fatores que potenciam a aterosclerose

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de aterosclerose são:

  • Diabetes;
  • Hipertensão arterial;
  • Tabagismo;
  • Dislipidemia;
  • Obesidade;
  • Sedentarismo;
  • Idade avançada;
  • Ser do sexo masculino.

Como prevenir e tratar a aterosclerose?

Apesar de não existir cura para esta doença, o tratamento pode ajudar a diminuir a sua progressão, podendo até interromper o seu agravamento. Enquanto em alguns casos os cuidados nos hábitos de vida e a medicação serão o suficiente para controlar a doença, em casos mais graves é necessária uma intervenção cirúrgica.

Uma vez que não existe cura, o melhor é prevenir o aparecimento da aterosclerose, como tal, deve adotar hábitos de vida saudáveis, que incluem:

  • Deixar de fumar (umas dos atos mais importantes para um doente com aterosclerose);
  • Manter um peso saudável;
  • Fazer exercício de forma regular;
  • Alimentação saudável e equilibrada.

Além disso,  se for diabético, é essencial controlar a glicemia (açúcar no sangue) e se tiver dislipidemia, é importante manter os níveis de colesterol no sangue controlados.

 

Quando a cirurgia tem um papel importante na aterosclerose

Conforme foi dito, a intervenção cirúrgica só é considerada em casos selecionados. Por exemplo, perante um enfarte agudo do miocárdio é habitualmente necessário realizar um cateterismo diagnóstico que muitas vezes acaba também em tratamento com implantação de um stent). Nalguns casos mais complexos em que não se consegue um tratamento eficaz com o cateterismo, o doente poderá ser submetido a cirurgia aberta por um cirurgião cardíaco, em que realizará um bypass usando a veia safena interna (a mesma das varizes nas pernas) ou artéria mamária.