O trompetista português Luis Martelo, natural de Barcouço, no concelho da Mealhada, mas residente no Reino Unido, foi premiado pelos “Global Music Awards” pelo terceiro ano consecutivo, tendo também lançado, recentemente, as duas primeiras faixas do seu próximo álbum intitulado “Roots”. Amazónia e Dear Roy são os nomes das faixas, sendo que ambas contam com a participação do saxofonista português Dinis Silva.

Atualmente, toca nas ruas de uma cidade no sudoeste de Inglaterra “por gosto e pela proximidade com as pessoas”, porque, como explica em entrevista a um canal televisivo, “tem a agenda cheia de concertos”.

Durante a pandemia, usou a música para animar as pessoas na rua, tendo sido, posteriormente, solicitado por lares e hospitais para proporcionar “miniconcertos”. “Eu tocava do lado de fora, em jardins e assim”, explica o jovem, desvendando que muito do público, nessa altura, tinha demências, mas quando o ouviam a tocar certos temas, começavam a dizer quem eram os autores. “Aquilo trazia-lhes memórias e muitas destas pessoas a última recordação que tiveram foi mesmo a minha”, enaltece.

Em 2011, aquando da sua saída do exército e com problemas pessoais, viu-se na rua, sem dinheiro e muitas vezes com fome. Um deserto que atravessou durante três anos, numa localidade do Alentejo, até ao dia em que amigos lhe pagarem uma viagem para Inglaterra.

Depois de começar a trabalhar em fábricas em Inglaterra, e conseguir uma maior estabilidade, comprou um trompete “muito barato”, concorreu a uma Orquestra e ficou em primeiro lugar, diz o jovem que, ao longo dos últimos anos, tem vindo arrecadar diversos prémios internacionais.

O jovem, formado pelo Conservatório da Coimbra, foi também premiado, em janeiro deste ano, pela Rainha Isabel II, de Inglaterra, “por serviços prestados à comunidade” durante a pandemia, pelo trabalho que disponibilizou com a sua música em lares e junto do público sénior, atitude que não passou despercebida à Casa Real Britânica.

Voltar ao seu país Natal não está dentro dos planos, por “não existirem condições para isso”.