«A Câmara da Mealhada tem hoje um encargo de mais de 13,4 milhões de euros de obra em curso sem financiamento comunitário». As palavras são de António Jorge Franco, presidente da Autarquia mealhadense, que ontem, aquando da Feira de Artesanato e Gastronomia, aproveitou a presença de Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial, para apelar ao governo apoio «em encontrar formas de financiamento» para diversas obras. Já sobre o certame, que decorre até dia 12 de junho, o edil garante que, «o novo formato, prima pela proximidade com as populações»

«Uma grande moldura humana» encheu ontem o centro da cidade na Mealhada na abertura da Feira de Artesanato e Gastronomia que, em 2022, regressa ao seu ponto de origem, no Jardim Municipal, onde permanecerá até ao próximo domingo. «Manifesto a importância deste tipo de certames para a divulgação dos nossos produtos e tradições», começou por dizer Raul Almeida, vice-presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, sendo o primeiro a deixar o repto à representante do Governo «para que se apoie também este tipo de atividades».

Para António Jorge Franco «serão nove dias de alegria no coração da Mealhada», numa festa que «envolve moradores e comerciantes». «Desejamos que sejam dias de encontro das pessoas, num novo formato que prima pela proximidade com as populações», referiu ainda, antes de enumerar as suas preocupações, que começaram logo por um apelo «para que se encontre forma de financiamento para a nova obra do edifício municipal, já lançada, e que tem hoje um encargo de 5,7 milhões de euros, valores pré-guerra».

«A Câmara da Mealhada, reconhecida durante muitos anos pela sua saúde financeira e boas contas, tem hoje um encargo de mais de 13,4 milhões de euros de obra em curso sem financiamento comunitário», referiu António Jorge Franco, garantindo que «a situação limita a nossa ação presente e futura». «A falta de enquadramento nos instrumentos de financiamento dos mercados municipais de Pampilhosa e Mealhada, situados em ARU’s e no PARU, não tiveram acolhimento nos diversos avisos que foram disponibilizados nos últimos anos e representam um investimento de mais de 3,3 milhões de euros». continuou.

«Também a intervenção no âmbito da estratégia de eficiência energética, nas Piscinas Municipais, no valor de 1,4 milhões de euros, está sem solução à vista», disse ainda o autarca, defendendo «a imprescindível expansão do Sistema de Mobilidade do Mondego – metro de superfície – até à Mealhada». Acerca da transferência de competências assumiu «concordar» como forma «de melhor servir as populações», mas enfatizou que «o processo deve ser feito de forma correta, com uma análise integrada e com a cabal transferência de verbas que cubra a globalidade das competências transferidas. Não concordamos com um modelo que se baseie apenas em números e património existente, sem ter em conta necessidades da população, identificadas e sentidas, muitas das quais fruto do desinvestimento».

No seu discurso, Ana Abrunhosa referiu ter ouvido todas as preocupações do autarca: «Reparei que sabe o que quer para as gentes da sua terra e isso já é meio caminho andado. Não basta que existam recursos, é preciso estratégias nos Municípios e nas CIM». «O período é de retoma, mas também de desafio e isso só tem que dar mais força para definir prioridades nas estratégias. O próximo quadro comunitário – Portugal 2030 – está aí, saibamos capacitar as nossas equipas e aproveitar as oportunidades», disse, deixando ainda uma palavra aos jovens: «Exijam e ajudem-nos a fazer melhor».

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

Fotografias de Ana Rodrigues e Mónica Lopes