O executivo municipal da Mealhada aprovou, por unanimidade, dois votos de repúdio relacionados com um trabalho informativo apresentado, recentemente, em que se coloca em causa a condição de viuvez – e legitimidade da respetiva pensão – do presidente da Autarquia, António Jorge Franco, apontando que «o mesmo vive em união de facto e não teria, por isso, direito à mesma», lê-se num comunicado da Câmara. Factos que levaram o edil a confirmar ter «uma ligação afetiva com uma pessoa que reside e trabalha no distrito de Viseu», desmentindo a união de facto e garantindo ser esta «uma história triste». «Repudio o que foi feito, uma vez que podiam ter arranjado dados claros, nomeadamente, dados da residência da pessoa visada, na Junta de Freguesia onde mora, e informações do local de trabalho, concretamente no Agrupamento de Escolas de Viseu», lamentou o edil.
O assunto foi espoletado, na manhã de ontem, por Gil Ferreira, vereador na Câmara da Mealhada, que afirmou que «nos últimos dias, os munícipes assistiram a um acontecimento vergonhoso, de nível rasteiro e acentuado pela proximidade». «Uma vergonhosa campanha feita ao nosso presidente, através de uma investigação composta por insinuações e mentiras», disse o vereador, continuando: «Este não é um caso de polícia, mas de política da mais rasteira. Quem viu aquilo, viu que valeu tudo e que se ofendeu de forma cruel a privacidade e memórias mais profundas de pessoas que deviam estar fora disto».
Antes de pedir para serem colocados os dois votos a votação, Gil Ferreira explicou que se está «num daqueles momentos em que não tomar posição, é uma posição», propondo um voto de repúdio ao trabalho «baseado na deturpação da verdade» e também «em qualquer forma de ação política baseada ou associada» ao mesmo.
Também Filomena Pinheiro, vice-presidente da Autarquia, repugnou «a forma como tudo feito», garantindo que «isto nos fragiliza a todos». Já Hugo Silva, vereador, assumiu «uma quebra no protocolo», para dizer que «em qualquer circunstância» está «disponível para testemunhar a verdade».
António Jorge Franco lamentou «a história triste» e os efeitos que teve na família, a quem aproveitou para tecer elogios e congratular o apoio.
Da bancada da oposição, os vereadores eleitos pelo Partido Socialista também repudiaram a situação. «Manifesto a minha repugnância pelo facto do senhor engenheiro ter que falar da sua vida pessoal publicamente», disse Sónia Leite, cujas palavras foram corroboradas por Luis Tovim. Já Rui Marqueiro, anterior presidente da Autarquia, recordou também «as várias denúncias anónimas de que foi alvo (enquanto edil na Câmara)», afirmando: «Se alguém foi vítima de política destrutiva neste Município essa pessoa fui eu». Sobre o tema em análise disse não ter visto e não gostar de trabalhos «sobre a vida particular das pessoas».
Texto de Mónica Sofia Lopes
Fotografia de Ana Rodrigues