Maria Teresa Cardoso, presidente da Câmara de Anadia, manifestou, à Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, recentemente e à margem de um evento relacionado com vinhos da Bairrada, a sua preocupação com o futuro traçado da linha de alta velocidade, referindo que «este gigantesco investimento» que somente vai «reduzir levemente» o tempo de viagem entre Lisboa e o Porto, «é deveras prejudicial» para o concelho. A mesma preocupação também já foi manifestada pelo presidente da Câmara da Mealhada, António Jorge Franco, numa das últimas reuniões do executivo.

À margem do evento «Aqui Na Bairrada», que se realizou recentemente, em Anadia, a presidente da Câmara de Anadia, alertou para o facto de a linha se sobrepor «a uma das maiores manchas vitivinícolas da região, rasando mesmo projetos enoturísticos de excelência já existentes». A autarca sublinhou que este corredor ferroviário terá «um impacto muito negativo, num dos setores mais importantes da economia local», salientando que «a nova linha não acrescentará nada ao desenvolvimento económico do concelho», daí que, no seu entender, «o novo troço não se justifique». O Município de Anadia e os seus órgãos «irão de viva voz manifestar-se contra este projeto, protestando contra o mesmo e exigindo soluções alternativas menos prejudiciais», adiantou.

Já na última Assembleia Municipal de Anadia, que se realizou a 28 de abril, Maria Teresa Cardoso referiu que a Autarquia teve uma reunião online, «dura e nada simpática», com as Infraestruturas de Portugal. «Vão destruir a economia dos nossos concelhos. E para quê? Por vantagens muito reduzidas», lamentou a edil, denominando o assunto «de penalizador e altamente preocupante».

O assunto foi também espoletado, no mês transato, em reunião do executivo municipal na Mealhada. “O TGV (transporte de grande velocidade) é um processo que está a decorrer e que nos deve preocupar. Se em Cantanhede e Anadia irá destruir vinhas, aqui (na Mealhada) serão infraestruturas”, referiu António Jorge Franco, lamentando «ser mais um canal, que nos deixará literalmente no meio de vias».

No «Aqui Na Bairrada», José Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada, também se mostrou em alerta com a possibilidade do traçado da linha do comboio de alta velocidade atravessar os vinhedos da Bairrada, deixando no ar a pergunta: «Faz sentido rasgarmos, mais uma vez, a nossa região para que se poupem meia dúzia de minutos entre Lisboa e o Porto?».

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

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