«Vivemos uma profunda alteração no perfil do viajante. 57% dos turistas globais alteram o seu percurso se este contribuir para a descarbonização e diminuição da pegada ecológica e aqui, mais uma vez, a floresta é um fator decisivo». As palavras são de Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, na abertura do IV Congresso Internacional da Floresta e seu potencial para a Saúde, que junta em Luso e no Bussaco até este sábado, dezenas de especialistas das terapias da floresta, oriundos de todo o mundo.
Com mais de quarenta oradores que irão partilhar conhecimentos sobre diversas abordagens relativas às florestas e à natureza na saúde e no bem-estar, a tónica de Pedro Machado foi para três premissas essenciais: «O nosso desafio é retomarmos o crescimento; sermos capazes de criar novos focos de investimento; e criar diálogo intergeracional e inter-regional, sendo a floresta transversal a estas três premissas».
Para o presidente do Turismo Centro de Portugal, «não sendo a pandemia por covid-19 uma coisa boa, mesmo assim criou novas tendências com mais natureza, mais floresta e mais ar livre». Um facto comprovado no passado mês de fevereiro, «em que a região Centro registou 333 mil dormidas, mais oito mil comparativamente com o ano de 2019».
Com a pandemia e a guerra que se vive atualmente, «estão ameaçadas a saúde e segurança para quem quer viajar e, por isso, Portugal está a reposicionar-se num novo leque de produtos turísticos, nomeadamente, o turismo desportivo, de arte urbana, LGBT, religioso e industrial, sempre com a ideia fundamental de que este gera felicidade».
«A região Centro é talvez a região com maior número de áreas naturais protegidas e classificadas que, pela sua riqueza e diversidade, ocupam um lugar estratégico na oferta turística da região», corroborou António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada, admitindo que para si «falar de floresta é, sobretudo, falar de um dos maiores ícones do concelho: a Mata do Bussaco. A riqueza, a biodiversidade e a singularidade deste património natural exigem de nós um olhar atento para as necessidades, mas sobretudo para as oportunidades deste recurso que já é produto turístico». «Um grande agradecimento por escolherem o Luso e o concelho para um evento desta dimensão», enalteceu o autarca.
Também Paulo Fernandes, da Destinature, entidade organizadora do congresso, referiu que é essencial «definir como as áreas classificadas e protegidas se vão posicionar perante as tendências atuais do turismo e olhar para elas de uma forma muito mais integrada na relação com outros sectores».
Gerhard Tucek, fundador do International Society of Forest Therapy, referiu ser importante colocar cientistas de diferentes nacionalidades a partilhar de experiências no sentido de encontrar terminologia comum para toda a esta área de práticas de Terapia de Floresta e de Banhos de Floresta, que fazem parte do programa do congresso e serão realizados na Mata do Bussaco.
Já Jorge Brandão, do Centro 2020, e Isabel Ferreira, secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, sublinharam a necessidade de aproveitamento de fundos comunitários para programas de produtos de valorização de produtos endógenos e inovadores, capazes de promover o desenvolvimento de uma economia sustentável.
Mónica Sofia Lopes