As Caves São Domingos, no concelho de Anadia, promoveram, no passado dia 26 de março, na sede da empresa, um jantar vínico solidário em benefício dos refugiados ucranianos que estão a chegar a Portugal, vítimas da invasão da Rússia ao seu país. Foram angariados 3.460 euros a reverter a favor da Associação de Apoio ao Emigrante.

«Vivemos, há cerca de um mês, uma situação de guerra até então inimaginável, originado a fuga do povo ucraniano da sua terra natal e criando uma onda de solidariedade sem precedentes no nosso país. Não podendo ficar indiferentes às centenas de refugiados que chegam todos os dias à nossa pátria, as Caves São Domingos decidiram agir: procuraram perto de si uma entidade que estivesse a apoiar diretamente esta comunidade recém-chegada e organizaram este evento de angariação de fundos, que serão entregues à entidade escolhida. Esta iniciativa foi apresentada no dia 18 de março, no decorrer da Bolsa de Turismo de Lisboa, aproveitando, assim, para convidar o executivo da Câmara de Anadia aí presente (Município convidado na BTL), que prontamente aderiu a esta ação», avança, em comunicado, a administração das Caves do Solar de São Domingos, S.A.

E foi perto que encontraram a Associação de Apoio ao Emigrante, sediada em S. Bernardo, Aveiro, criada em 2001 pelo então presidente da Junta de S. Bernardo, Élio Maia, que, «atento à sua comunidade e ao elevado número de emigrantes que aí vivia e dava mostras da necessidade de auxílio, decidiu criar um grupo de voluntários que pudesse dar resposta a tantas perguntas e pedidos de ajuda que eram solicitados».

Esta associação presta, atualmente, apoio a mais de 3.600 emigrantes, maioritariamente do leste europeu, mas também, venezuelanos e brasileiros, entre outras nacionalidades. Em poucos dias, chegaram trinta crianças de várias idades que irão ocupar uma sala de aula na Escola Primária local. O apoio solidário em roupa e outros utensílios para o lar já superam as necessidades, sendo a carência mais urgente o financiamento para aulas, deslocações de professores, material didático, tal como livros, manuais básicos em português, que transmita a história portuguesa, tradições e costumes para estes alunos melhor se integrarem na nossa sociedade. O trabalho desenvolvido pela AAI é voluntário e focado não só na integração das crianças, como também dos adultos que frequentam esta associação em horário pós-laboral.

Em 2004, Lyudmila Bila, imigrante ucraniana que exerceu, durante vários anos, cargos de liderança como vice-diretora de duas escolas e professora na Rússia e na Ucrânia e é, atualmente, docente na Universidade de Aveiro e funcionária do Apoio ao Emigrante, foi convidada para assumir o cargo de presidente da AAI, função que aceitou e exerce até aos dias de hoje.

«A empresa quis sensibilizar e envolver a sociedade anadiense na ajuda aos refugiados de guerra e dar maior visibilidade ao trabalho desenvolvido por esta senhora, que de forma abnegada tem amparado os emigrantes na procura de alojamento, trabalho, apoio social, jurídico, saúde, educação, cultura e língua, bem como, no estabelecimento de contactos com as embaixadas e organizações nacionais com vista à sua plena integração na sociedade portuguesa», enfatiza Alexandrino Amorim, das Caves São Domingos, acrescentando que no jantar solidário estiveram 80 pessoas, angariando o valor de 3.460 euros. «Por impossibilidade de espaço na sala, muitas pessoas e empresas aderiram a esta causa disponibilizando-se a entregar o seu donativo posteriormente», enaltece a gerência das Caves, que agradece «a onda de solidariedade que a todos orgulha».

 

Legenda da foto da esquerda para a direita: Alexandrino Amorim, António Rodrigues, Lyudmila Bila, Eugénia Freitas e António Semedo