A comitiva com os quatro elementos dos Bombeiros Voluntários de Anadia que transportou a ajuda humanitária para a Ucrânia, recolhida por esta Associação Humanitária, em parceria com o Município de Anadia, regressou, no passado domingo a Anadia, depois de percorridos mais de sete mil quilómetros.
Os bens, cinquenta paletes e uma ambulância de transporte de doentes, foram entregues na cidade de Cracóvia (Polónia), numa corporação de Bombeiros local, que depois os encaminhou para duas cidades ucranianas, Odessa e Malyn. O comandante dos Bombeiros Voluntários de Anadia, Bruno Almeida, que liderou esta missão solidária, faz um balanço “positivo”, salientando que a viagem “correu bem”. Referiu que os elementos, que integraram a comitiva, pernoitaram em quartéis de bombeiros, ao longo de todo o trajeto, designadamente em Espanha, França, Alemanha, Polónia e Luxemburgo, onde foram “muito bem acolhidos”.
Na Polónia, para além da entrega da ajuda humanitária, os quatro bombeiros, após autorização das autoridades locais, participaram numa jornada de apoio a refugiados ucranianos, mais concretamente em Zgorzelec, cidade fronteiriça entre a Polónia e Alemanha. Na estação de caminhos de ferro, ajudaram os refugiados, na sua maioria mulheres e crianças, a efetuarem o transbordo de comboios para autocarros que os levariam depois para a Alemanha.
Bruno Almeida confessa que este foi “o momento mais marcante desta missão”, dizendo que “se tratou de uma experiência única, muito diferente daquelas a que estamos habituados a realizar como bombeiros”. “Normalmente, quando atuamos, conseguimos atenuar o estado da situação. Neste caso, sentimo-nos de mãos e pés atados e uma grande impotência, face ao grau de gravidade tão elevado desta situação provocada pela guerra”, adianta.
O comandante dos Bombeiros de Anadia deixa uma palavra de agradecimento a todos os que contribuíram para a recolha de bens, ao Município de Anadia, assim como aos que apoiaram a comitiva, ao longo de toda a viagem, permitindo assim que a missão se concretizasse com sucesso.
Em comunicado, a Autarquia de Anadia recorda que “a campanha de angariação de bens decorreu, durante cerca de duas semanas, tendo tido uma forte adesão, por parte da comunidade, tanto a título particular, como ao nível do tecido empresarial. A operação logística, de acondicionamento dos bens e etiquetagem, contou com o apoio de um conjunto de voluntários do Banco Local de Voluntariado de Anadia e imigrantes ucranianos a residir no concelho que, desde a primeira hora, se predispuseram a ajudar os seus, através desta causa humanitária. Medicamentos, produtos de higiene e de primeiros socorros, roupa, calçado e bens alimentares não perecíveis, lanternas, candeeiros de campismo, aquecedores, material informático e equipamentos de comunicação foram alguns dos bens que seguiram a bordo dos dois camiões”.
O transporte dos bens angariados foi efetuado por dois veículos pesados, cujos tratores são pertencentes um aos Bombeiros de Anadia e outro ao Município de Anadia, sendo que os reboques foram disponibilizados por duas empresas do concelho. Os custos associados ao transporte, nomeadamente gasóleo e portagens, estão a ser apurados e serão suportados pelo Município.
A presidente da Câmara de Anadia afiança que, para além deste apoio, o Município está disponível para acolher 60 cidadãos ucranianos: famílias com crianças, e até 10 atletas de alta competição, estes últimos que ficarão alojados no Centro de Alto Rendimento de Anadia – Velódromo Nacional, em Sangalhos. A autarquia garante a estes cidadãos apoio social e também a ajuda na integração das crianças em estabelecimentos escolares do concelho. Este apoio estende-se ainda a refugiados provenientes da Ucrânia que sejam acolhidos por famílias já residentes no concelho de Anadia.
De sublinhar que todos os refugiados ucranianos que chegarem ao concelho de Anadia terão de obter declaração comprovativa do pedido de proteção temporária a pessoas deslocadas da Ucrânia, neste momento apenas possível online. Este pedido é depois comunicado às entidades competentes para atribuição automática dos números de identificação fiscal, de segurança social e de utente. As famílias que tiverem dificuldades em realizar este registo, poderão dirigir-se aos Serviços Sociais do Município que auxiliará nessa tarefa.