«Hoje o associativismo passa por um período de fortes ameaças, onde as associações sectoriais ganham associados e as empresariais perdem», alertou, ontem, na Mealhada, José Couto, do Conselho Empresarial do Centro / Câmara de Comércio e Indústria do Centro, aquando da cerimónia dos 20 anos da Associação Comercial e Industrial da Bairrada e Aguieira, defendendo ainda que «a utilidade de uma associação empresarial é diferente de há 20 ou 10 anos». O caminho para o sucesso, segundo Lino Ferreira, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, «passa pela transformação digital das empresas».
«Hoje os empresários procuram outra coisa e as empresas ligam-se mais rapidamente aos centros tecnológicos do que às associações empresariais», referiu José Couto, acrescentando que «o objetivo das empresas é ter resultados» e que face a isto «as associações empresariais devem posicionar-se de maneira diferente». «É preciso não esquecer que durante a pandemia colocaram a sua estrutura ao serviço das empresas, tendo a capacidade de esclarecer, informar e servir de mediador», continuou o dirigente do Conselho Empresarial do Centro / Câmara de Comércio e Indústria do Centro, garantindo, contudo, que «as associações empresariais não estão em fase terminal» e que «as que estão próximas das empresas, passam a informação e são porta-voz dos empresários junto do poder local têm sucesso». «Esta grande associada (ACIBA) é um exemplo pela forma como se posicionou na região», congratulou.
Lino Ferreira, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, começou por dizer que «o comércio continua a ser um dos maiores empregadores em Portugal (cerca de 700 mil pessoas)» e que «tem um grande peso na economia do país»: «Moderniza-se e regressa ao passado; salta depressa para o digital, mas também se foca nas pessoas que podem contar a história».
Colocando a tónica «na relevância da transformação digital», Lino Ferreira recordou que «há 100 anos não se previa multibanco e nem serviço de “takeaway”». «Durante a pandemia o número de domínios .pt aumentou bastante e isto permitiu que muitas atividades continuassem o seu trabalho», continuou, afirmando que «a pandemia veio acelerar todas as tendências e acredito que a presença digital continuará a ser decisiva nos próximos anos». «O e-commerce em 2020 e 2021 cresceu 46%, o que significa quatro mil milhões de vendas em Portugal», exemplificou.
O Cineteatro Messias, na Mealhada, foi o palco da festa dos 20 anos da ACIBA, que, há duas décadas, enquanto Associação Comercial e Industrial da Mealhada, foi formalizada por catorze empresários e empresárias. Uma delas, Carla Carvalheira, do restaurante «O Castiço», congratulou o trabalho da associação «ao serviço das empresas, contribuindo para toda a região», recordando a intervenção desta associação espoletando «o mecanismo para registo da patente do doce “Casticito”».
Presentes na cerimónia estiveram também dois antigos dirigentes da associação, Armando Guindeira e Carlos Pinheiro. «O associativismo empresarial é muito importante e as empresas devem envolver-se muito mais. Hoje, e ainda bem, existe uma grande competição entre empresas, onde o que as pessoas pensam agora, têm que executar amanhã», referiu Carlos Pinheiro, anterior presidente da direção da ACIBA, sugerindo «aos vários organismos que ouçam com mais equidade as associações empresariais» e defendendo que «os parques empresariais sejam atrativos e dinâmicos».
ACIBA estendeu-se, em 2014, aos municípios de Mortágua e Penacova
A Associação Comercial e Industrial da Mealhada nasceu a 22 de março de 2002. Em 2014 expande-se aos concelhos vizinhos de Mortágua e Penacova e passa a designar-se de Associação Comercial e Industrial da Bairrada e Aguieira. «Abrangendo agora nove mil empresas e cerca de cem mil postos de trabalho», declarou, por videoconferência, Cláudio Matos, vice-presidente da direção da associação, garantindo que «só foi possível chegar até aqui com a resiliência e persistência de todos os dirigentes». «Mas o vosso caminho valeu a pena. Estamos convictos de que iremos continuar esta dinâmica, assim como a vencer batalhas», rematou.
Texto de Mónica Sofia Lopes
Fotografias de José Moura