«A Educação Física é quase como subsidiária de outras disciplinas, onde se dizem coisas, como por exemplo, faz bem porque estimula o cérebro para a Matemática». As palavras são de Nuno Ferro, presidente da Sociedade Portuguesa de Educação Física, que, na Mealhada, defendeu que «a Educação Física deve ser para todos os alunos e o Desporto Escolar deve estar em todas as escolas».
Para uma plateia de quase três centenas de pessoas, no seminário «o Desporto precisa de todos, Como?», que se realizou, na passada sexta-feira, no Cineteatro Messias, na Mealhada, Nuno Ferro garantiu que «os movimentos físicos corretos nas primeiras idades são fundamentais para se conseguir desenvolver uma capacidade desportiva, principalmente na fases do movimento, dos seis aos dez anos». «E será que no primeiro ciclo isto acontece?», questionou retoricamente, afirmando que «todos sabemos que é o professor titular a fazê-lo, que tem 25 horas semanais para todas as disciplinas, com um professor coadjuvante».
«Quem surge para criar condições são as Autarquias através das Atividades Extracurriculares, mas que vieram aumentar ainda mais a confusão neste nível de ensino, porque só lá estão os que gostam de lá estar», referiu o presidente da Sociedade Portuguesa de Educação Física, lamentando «a ausência de generalização de educação física para todas as crianças e a demissão da tutela em encontrar uma solução».
Por outro lado, Nuno Ferro, garante que «o Desporto Escolar não faz o papel da educação física, é sim complementar e um processo de formação desportiva», enfatizou, declarando que «o sistema é demasiado piramidal onde achamos que só chegam a seniores os melhores».
Também Pedro Soares, dos Municípios Amigos do Desporto, sugeriu «a constituição de Gabinetes de Apoio ao Desporto nas câmaras», exemplificando «com a necessidade de criação de uma central de compras disponível para todos os clubes e associações». «A questão dos clubes é sempre muito de dimensão e de escala, onde grande parte deles não podem, por exemplo, aceder a serviços como psicólogos do desporto, nutricionistas e fisioterapeutas. Para além do apoio financeiro, que é fundamental, as autarquias podem ajudar neste trabalho em rede», referiu.
Durante os diversos painéis foram muitos os elogios ao trabalho desportivo do Município da Mealhada, inclusive com a realização do seminário, que contou com convidados de luxo, nomeadamente, Paulo Pereira, selecionador nacional de andebol; Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo; e Walter Chicharro, presidente da Câmara da Nazaré, entre muitos outros. Palavras que Filomena Pinheiro, vice-presidente da Câmara da Mealhada, congratulou, declarando que «o desporto é um pilar estratégico no desenvolvimento estruturado e integrado do Município da Mealhada».
«O desporto é motor de desenvolvimento económico do concelho na medida em que, tirando partido das excelentes infraestruturas desportivas municipais – temos um pavilhão em cada freguesia, piscinas, centro de estágios -, conseguimos atrair e acolher eventos desportivos de grande importância. Por tudo isto, encaramos o desporto no sentido lato: é saúde, é economia, é turismo, é lazer e é bem-estar da comunidade», explicou Filomena Pinheiro, recordando que em 2001 a Câmara terá sido pioneira na introdução da atividade física no currículo dos alunos do concelho. «Fizemos um grande trabalho de sensibilização aos pais, professores e até à DREC, que teve que dar o seu aval, e colocámos os alunos a irem aos nossos equipamentos desportivos, assegurando a autarquia este transporte», reiterou.
Texto de Mónica Sofia Lopes
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