Moradores da localidade de Famalicão, no concelho de Anadia, voltaram a uma reunião pública da Autarquia, na semana passada, manifestando preocupação com as movimentações que vão assistindo daquilo que consideram ser a instalação de um armazém de uma empresa de transportes nas imediações das suas habitações. Teresa Cardoso, presidente da Câmara de Anadia, disse não ter «mais nada acrescentar do que foi dito aqui da última vez», remetendo para uma reunião que se realizou no ano passado, em que adiantou ter havido «processos de contraordenação, nomeadamente por parte da Direção Regional de Agricultura», assim como o facto da Câmara ter indeferido «m processo que deu entrada na Autarquia». «Para o efeito que o requerente pretendia, o processo foi indeferido», disse.
Em 2021, Carlos Pina, morador na Rua de São Mamede, em Famalicão, deslocou-se a uma reunião do executivo, garantindo que «desde julho havia muita movimentação de terras, num local onde já foi feito um furo para colocação de água e de luz» e questionando «se será legal» e «o que será ali feito numa zona residencial?».
Outra moradora, Maria Luísa, questionou «que tipo de armazém está a ser construído? Aquilo está meio escondido e não sei se tem produtos tóxicos ou não. Não sabemos o que se vai passar ali dentro, até porque ele começou aquilo sem licenças e sem nada e afundou terrenos».
Nessa altura, Teresa Cardoso referiu que «inicialmente houve processos de contraordenação da Direção Regional de Agricultura e da Câmara de Anadia». «Depois deu entrada um processo que, para o efeito que o requerente pretendia, e ao abrigo da lei, foi indeferido», continuou a autarca, recordando que «o terreno tem capacidade construtiva, não será é para aquele fim». «O que não estiver licenciado tem outra forma de intervenção por parte da Câmara», enfatizou.
Na passada quinta-feira, 10 de fevereiro, Maria Luísa Pires voltou a uma reunião pública do executivo de Anadia questionando «como está a situação?» e lamentando que a situação «não tenha fim». «Temos que estar sempre em alerta porque aquela obra está no meio da povoação», referiu a munícipe, sugerindo que «o Município compre o terreno ao proprietário, para que ele vá para uma zona industrial e a Câmara proceda ao loteamento do dito terreno».
A presidente da Autarquia de Anadia explicou que houve «orientação para o senhor ir para outro local, mas que não quis». «Houve mobilização de solos em terrenos da Reserva Agrícola Nacional e da Reserva Ecológica Nacional e o proprietário foi notificado para repor a situação», disse ainda a autarca sobre um tema que já em setembro do ano passado foi levado, a uma sessão de Assembleia Municipal, por diversos munícipes, que na altura lamentaram «os problemas de ruído e de resíduos».
Mónica Sofia Lopes