Meia centena de famílias que residem nas aldeias de Fontemanha, freguesia da Moita, no concelho de Anadia, subscreveram um abaixo assinado que pretende alertar «para os grandes problemas no acesso à internet naquela zona». O assunto foi levado à reunião do executivo por um munícipe, mas a presidente da Câmara de Anadia informou ter conhecimento do documento e até já o ter remetido para várias entidades nomeadamente para a ANACOM e para a Altice. «Nas comunicações dependemos das grandes operadoras e de quem execute a obra no território», lamentou a edil.
«Na serra de Fontemanha temos grandes problemas com a internet. Fiz um abaixo assinado com as 50 famílias das aldeias e todas querem resolver este problema que temos, quer em termos de trabalho, que se torna impossível de fazer, quer de lazer. Existem ali muitas pessoas idosas com familiares no estrangeiro que não se conseguem falar», exemplificou o munícipe António Marques, referindo que «as aldeias são esquecidas porque têm poucos eleitores».
«A internet nos dias de hoje é essencial. As crianças das aldeias têm que ter os mesmos direitos que as crianças da cidade de Anadia», disse ainda o munícipe, garantindo que «já lá estão os postes colocados. Basicamente agora é passar o fio da fibra. Em Mortágua todas as aldeias têm fibra, não é uma coisa de outro mundo e não é assim tão caro».
Conhecedora do abaixo-assinado, que remeteu nomeadamente para a ANACOM – Autoridade Nacional de Comunicações e para a Altice (detentora da Meo), Teresa Cardoso, presidente da Câmara de Anadia, informou que o presidente da Junta de Freguesia da Moita também alertou «para esta vossa pretensão». «Obviamente que as pessoas que vivem mais a nascente devem ter os mesmos direitos que todas as outras. Temos um território grande e localidades muito dispersas e isto para as operadoras é sempre um problema», referiu a autarca, lamentando ainda: «Nas comunicações dependemos das grandes operadoras e de quem execute a obra no território. Não depende de investimento da Câmara». A edil adiantou ainda que o Município «está a trabalhar neste sentido e a fazer pressão com as operadoras, até porque há outras aldeias com o mesmo problema».
«E, em termos de prazo, o que é que isso quer dizer?», questionou António Marques. «Não posso dar prazos daquilo que não depende efetivamente de nós. Estamos a fazer pressão para que, pelo menos, uma operadora nos possa fazer este serviço. Não nos interessa se é Vodafone ou se é Meo, queremos uma, seja ela qual for», enfatizou Teresa Cardoso, acrescentando: «Se dependesse de nós, hoje, o senhor não estaria aqui a pedir esta intervenção porque estaria feita há anos».
«Será preciso um mês, em termos técnicos para colocar a fibra? Por iniciativa das operadoras ninguém tem interesse em passar 13 quilómetros de fibra sem ajuda nenhuma, mas se a Câmara chegar a uma operadora e disponibilizar apoio, haverá negócio certamente», disse ainda o munícipe, na passada reunião pública do executivo municipal.
João Nogueira de Almeida, vereador da oposição eleito pelo PSD, referiu também que «numa breve pesquisa no site da ANACOM lê-se que no último leilão 5G as operadoras Meo e Vodafone terão que intervir em cem freguesias, onde estão as da Moita, Vila Nova de Monsarros e Avelãs de Cima». Declaração que levou Teresa Cardoso a afirmar que «quando se lê freguesias, devia escrever-se os lugares. Gosto das coisas claras e objetivas para que não se criem ideias. A verdade é que estamos a aguardar que nos confirmem essa situação». «Seja por buraco na terra ou por via aérea, queríamos era o problema resolvido», rematou.
Mónica Sofia Lopes