Depois de «All of me», o primeiro álbum a solo como trompetista do barcoucense Luís Martelo, que juntou artistas de vários pontos do mundo que colaboraram no projeto à distância, o autor prepara agora mais um álbum que acarreta «outro tipo de arranjos e compositores ao vivo no estúdio». Com uma estimativa de custo da produção/estúdio no valor de 2.500 euros, Luís Martelo viu o projeto sair da cabeça para o terreno com um apoio de 1.250 euros disponibilizado pela Transportes Pascoal, uma empresa sediada na «terra natal» do jovem músico, em Barcouço, no concelho da Mealhada.

A residir em Inglaterra há vários anos, Luís Martelo viu na pandemia uma oportunidade e começou a fazer «shows» na rua e ao domicílio a quem solicitasse. Nessa altura, gravou concertos online, mensais, a que deu o nome de «Chorando de Saudade», um projeto que lhe valeu a medalha de terceiro Melhor Instrumentista pela «Global Music Awards».

Seguiu-se o «All of me», o primeiro álbum a solo como trompetista, «todo feito à distância e onde participaram músicos portugueses e estrangeiros de renome». «Depois de um apelo na minha página (no Facebook), tive o patrocínio de uma empresa de catering inglesa, que me ofereceu muitas coisas, incluindo um espaço para os ensaios», referiu, ao «Bairrada Informação», Luís Martelo, sobre um álbum considerado, no ano passado, o segundo melhor de jazz, bem como o seu autor galardoado como o segundo melhor artista revelação em 2021.

O ano que passou foi aliás um ano repleto de conquistas, com a presença do artista em concertos no Cascais Jazz Clube; no MeaJazz no Cineteatro Messias, na Mealhada; e também na sua «terra natal» em Barcouço. «Todos os concertos tiveram bilheteira esgotada e isso deu-me muita força para continuar e pensar numa próxima participação nos “Global Music Awards”», referiu o jovem artista, acrescentando que «se não voltasse a participar com originais, o standard ia descer e quebrar a corrente de manter a prata ou a possibilidade de ganhar um ouro. O difícil não é crescer, é manter o nível».

E é assim que começa a ser preparado o «Raízes» ou «Roots», um álbum que traz a estúdio diversos músicos, com outro tipo de arranjos e compositores e que contém estilos como Tito Paris, Cesária Évora e Louis Armstrong. «Influências que tenho desde sempre, uma vez que parte da minha família paterna é de Angola e outra do Brasil». «No fundo é uma mistura de tudo isto, onde presto um tributo às minhas raízes, com banda e músicos ao vivo. Dá muito mais trabalho, mas também muito mais gozo», confessa.

A viver da música há já três anos, Luis Martelo precisava de patrocínios e o primeiro chegou da sua «terra natal», de uma empresa de transportes que, já quando o músico esteve em Barcouço no ano passado, se tinha comprometido a adquirir os seus álbuns. «Como esgotaram, esse apoio acabou por não ser necessário», enaltece o jovem, garantindo que, através do presidente da Junta de Barcouço, João Cidra Duarte, «a Transportes Pascoal teve conhecimento do patrocínio que eu precisava para o novo álbum e no mesmo dia metade do valor foi me oferecido».

«Foi o mote que faltava para que o álbum avançasse sem preocupações», explica Luís Martelo, enfatizando que «a logística é muito grande e só graças a esta empresa tive força e alguma coisa para apresentar nos “Global Music Awards”», uma vez que o jovem apenas com a apresentação promocional do «Roots», que só será concluído daqui a uns meses, está novamente nomeado em 2022 nas categorias de Melhor Instrumentista, Melhor Artista Emergente e Melhor Banda.

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

Fotografia com Direitos Reservados