O executivo da Câmara da Mealhada aprovou por maioria, com os votos contra dos vereadores da oposição eleitos pelo PS, a resolução do contrato de “aquisição de serviços para a elaboração do Plano de Pormenor da Quinta do Murtal”. “Somos contra a alteração daquele património histórico, que representa um pulmão para o centro da cidade”, referiu, na reunião de 27 de dezembro, o presidente da Câmara da Mealhada, António Jorge Franco.
“Existia um plano de pormenor do anterior executivo, com estradas a atravessar a Quinta do Murtal. Consideramos o local um património histórico e um autêntico pulmão para a cidade da Mealhada”, começou por explicar o autarca, defendendo que o local possa vir a ser um epicentro “de atividades culturais e ambientais”.
“Somos contra a alteração daquele património e das reuniões que tivemos com a arquiteta paisagista, há todas as condições para ficarmos por aqui sem custos para o Município, apenas os encargos do trabalho feito até à data”, acrescentou ainda o edil.
Mas para Rui Marqueiro, anterior presidente da Autarquia da Mealhada e atual vereador da oposição, “o plano de pormenor estava numa fase muito inicial, portanto reversível. Bastava dizerem que não queriam ali aquela estrada”. “Rescindir significa que têm alguma coisa contra a empresa”, afirmou.
António Jorge Franco disse “desconhecer a empresa” em questão e enfatizou que “durante a campanha sempre me manifestei contra existirem estradas a cortar aquele espaço”.
Também Gil Ferreira, vereador no Município da Mealhada, referiu que “pelas leituras feitas, é importante acautelar a qualificação e requalificação dos núcleos urbanos”. “Temos de pensar na utilidade e valorização que a Quinta do Murtal pode ter enquanto centro cultural, ambiental, de património e de lazer”, referiu ainda, adjetivando o local como uma “preciosidade”.
A resolução do contrato foi aprovada com os votos contra dos três vereadores do Partido Socialista, Sónia Oliveira, Luis Tovim e Rui Marqueiro.
O assunto voltou a ser falado na Assembleia Municipal da Mealhada, com o presidente da Câmara da Mealhada a reafirmar que “deixámos cair a decisão do anterior executivo para arruamentos”. “Temos muitas urbanizações abandonadas, lotes para construir e zonas históricas abandonadas. Muitas estão abandonadas porque não têm espaço público digno. É isso que defendemos”, declarou o autarca, acrescentando ainda: “Já desafiei os meus colegas do executivo para vermos quintas de outras cidades e podermos ter ali algo apelativo”.
Recordamos, que a Quinta do Murtal foi a habitação do Professor Doutor António Augusto da Costa Simões, até 1903, altura em que faleceu. Professor e Reitor da Universidade de Coimbra, “Costa Simões” foi o impulsionador da construção do edifício da Câmara da Mealhada, precursor da Misericórdia da Mealhada e fundador dos Banhos do Luso.