A Assembleia Municipal de Anadia aprovou, por maioria, com os votos contra das bancadas do PSD, PS e PCP, a proposta de Orçamento Municipal para 2022, no valor de 24.014.300,00 euros, bem como as Grandes Opções do Plano (GOP) e o Mapa do Pessoal. Requalificação de Monte Crasto e investimento nas zonas industriais, para os próximos anos, foram investimentos criticados pela oposição ao executivo liderado pelo Movimento Independente Anadia Primeiro. Houve ainda uma manifesta preocupação generalizada com a descentralização de competências prevista para este ano.
«Anadia perdeu 13% da população nos últimos vinte anos e o paradigma hoje é diferente. As empresas de médio e grande volume de negócios, antes de se instalarem, também vão ver se há população nos municípios para onde querem ir, até porque sem população os recursos humanos tornam-se demasiado caros», referiu, Luís Fonte, da bancada do PSD, questionando «se há um objetivo de postos de trabalho para serem criados para estes nove milhões de euros de investimento nas zonas industriais?». «Na habitação e zonas industriais estão definidas estratégias para 2025. Há algum plano a longo prazo, nomeadamente para 2031?», perguntou o deputado municipal.
Da mesma bancada, João Gaspar começou por afirmar: «Há uma promessa de se gastar nove milhões de euros a partir de 2023, mas sabemos lá nós quantas pandemias ainda vamos ter». Relativamente ao Monte Crasto, o deputado social-democrata declarou não saber «se é uma obra assim tão importante». «Esperaria um orçamento mais dinâmico. Há uma referência ligeira à descentralização e analisando os orçamentos dos últimos três anos, há obras que vão transitando de ano para ano», lamentou ainda, acrescentando que «esperaria que houvesse alguma folga para os presidentes de Junta apresentarem projetos inovadores para as suas freguesias».
Para Rui Bastos, do PCP, o orçamento contém empreitadas «que se vão sucedendo, não conseguindo entender as taxas da não execução. No fundo, há aqui muitas iniciativas de outros anos, às quais ainda não se deu resposta». «As zonas industriais já vamos em 2026 e do Monte Crasto o investimento anunciado era de 800 mil euros, mas, neste momento, olhamos e em 2023 já está quase no dobro. O que alterou?», questionou ainda o deputado municipal, perguntando também se o Município está a acautelar as necessidades de recursos humanos e equipamentos para a transferência de competências.
Acerca da obra no Monte Crasto, Maria Teresa Cardoso, presidente da Câmara de Anadia, declarou que a mesma está já adjudicada, que começará «dentro de dias» e que será acompanhada pela Direção Regional de Cultura do Centro. Relativamente à transferência de competências, a edil recordou «a decisão do executivo de não as assumir». «Cada coisa a seu tempo. São processos que têm que ser acompanhados e valores que têm que ser decididos. A própria Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, por exemplo, questionou o Agrupamento de Escolas de Anadia para saber quais as verdadeiras despesas que têm. E a ADSE quem paga? No Centro de Saúde não há seguros, mas se o Município ficar com esta competência já tem que ter seguros», referiu a autarca, garantindo que vai haver intervenção nas zonas industriais: «E por isso temos que ter investimentos plurianuais. Só o concurso público internacional da Zona Industrial da Amoreira da Gândara demora-se meio ano a fazer».
António Barbosa, do PS, manifestou ter dúvidas sobre a justeza de algumas decisões, como o projeto de bioresíduos (600 mil euros); dez mil euros para ecovias; e apoio reduzido às atividades dos munícipes e jovens para o sector cultural». A bancada socialista considera ainda «excessiva» a intervenção no Monte Crasto.
Mónica Sofia Lopes