Os tarifários dos serviços de água, saneamento e resíduos para o ano de 2022 vão aumentar 4% no concelho da Mealhada (acrescido de dois euros mensais na tarifa doméstica), na tentativa de fazer face «ao aumento fora do normal por parte da ERSUC (Resíduos Sólidos do Centro, S.A.)». «Não é fácil tomar esta decisão, mas o aumento que nos é imposto é brutal», declarou, na sessão do executivo, António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada. A medida, aprovada pela maioria, arrecadou os votos contra dos vereadores da oposição eleitos pelo Partido Socialista.

«Fomos surpreendidos com o aumento de 51,26% pelo serviço de depósito e tratamento dos resíduos prestado pela ERSUC e todos temos que pagar, até porque a ERSAR(Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos) vai ao encontro deste valor e somos obrigados a cumprir os seus parâmetros», referiu o presidente da Câmara da Mealhada, explicando «que temos uma ERSUC aflita financeiramente, com uma dívida estrondosa, e temos também as nossas despesas, nomeadamente o acréscimo de custo em 2% com o suplemento de penosidade e insalubridade aos funcionários», o que perfaz um valor anual a mais de cerca de vinte e cinco mil euros.

Para além disto, o autarca garante que não há ainda uma estimativa «de quanto vai custar o serviço da recolha porta a porta, sendo certo que vai ser muito» e que o Município da Mealhada «precisa de fazer um grande investimento em seis mil contadores, dos dez mil disponíveis, que estão obsoletos, assim como na frota automóvel». «Temos que começar a colocar algum equilíbrio nisto, caso contrário arriscamo-nos a não conseguir apresentar candidaturas nesta área», explicou ainda.

Hugo Silva, vereador na Autarquia, enfatizou que «se propõe uma subida responsável à população», explicando que «o parque de contadores do Município está obsoleto, provocando perdas estimadas de leituras erradas em 7,7%»

Mas para Rui Marqueiro, vereador da oposição eleito pelo PS, «o executivo está a lutar por menos e pior», sugerindo que «o aumento adequado deveria ficar-se pelos 3% ou 3,5%», por considerar que «4% é um aumento exagerado». E já depois dos votos contra o anterior presidente da Câmara da Mealhada defendeu que «o sector da água e do saneamento não precisa de um aumento de 4% e que no dos resíduos bastaria 3,5%».

O assunto voltou a ser falado, na sessão da Assembleia Municipal da Mealhada, que se realizou na noite da passada quarta-feira, manifestando o presidente da Autarquia que «houve um trabalho grande para tentarmos perceber onde podíamos chegar sem onerar muito os cidadãos», adiantando ainda que «a frota automóvel do Município tem que ser renovada o mais rapidamente possível. Os nossos funcionários não podem andar a pé e temos muitas vezes a grande dificuldade, das pessoas quererem trabalhar e os equipamentos não o permitirem».

Já como conselho aos cidadãos, o presidente da Câmara da Mealhada sugeriu que se faça «compostagem em casa». «Eu até o café das cápsulas retiro para a compostagem. Estou certo que esta é uma ajuda para não se ter tantos resíduos sólidos urbanos», rematou.

 

Aumento em números

Segundo, um comunicado da Autarquia da Mealhada, “na prática, uma família de duas ou três pessoas, com um consumo de dez metros cúbicos de água, pagou 21,01 euros, em 2021, e passará a pagar 22,71 euros, valores que já englobam água, saneamento, resíduos, taxa de recursos hídricos, taxa de gestão de resíduos e IVA.

Já numa família de quatro pessoas, com um consumo a rondar os quinze metros cúbicos de água, o valor global da fatura foi de 29,29 euros, em 2021, e passará a ser de 31,30 euros, no próximo ano. Em termos concretos, estes dois escalões, aqueles em que se encontra a maioria dos agregados do Município da Mealhada, sentirão um aumento real de 1,70 euros, e de 2,01 euros, respetivamente.

Nos escalões mais baixo e mais alto, de consumo de cinco metros cúbicos e de vinte metros cúbicos, as faturas, em 2022, serão de 14,12 euros e de 41,79 euros, respetivamente (mais 1,39 euros, no primeiro caso, e mais 2,39 euros, no escalão de consumo mais elevado”.

 

Mónica Sofia Lopes