O aumento de 100% na Taxa de Gestão de Resíduos, bem como da tarifa regulada da ERSUC (preconizada pela ERSAR) em que o custo de pesagem aumenta 57%, estão a levar com que as câmaras municipais não tenham outra opção que não seja a do agravamento dos tarifários de saneamento, água e tratamento de resíduos na faturação aos consumidores. Em Anadia esse aumento rondará os 20%, mas segundo Lino Pintado, vereador na Autarquia, «está longe de ir ao encontro das indicações da ERSAR». A medida mereceu os votos contra do PSD e PS, defendendo João Nogueira, vereador eleito pelo PSD, que «não se justifica um aumento tão elevado do preço de um bem essencial como é o serviço de água e saneamento». Já Lídia Pato, do PS, lamentou que esta «mexida» aconteça em plena pandemia, «onerando munícipes e empresas».

«Em 2020 manteve-se inalterada, mas agora propõe-se alguns acertos, até porque a ERSAR assim o recomenda e, no ano passado, o parecer que nos deu não foi muito bom. Mesmo assim ficamos muito aquém dos valores que preconizam», começou por dizer Maria Teresa Cardoso, presidente da Câmara de Anadia, lamentando que os mesmos «acabem por se repercutir na fatura dos cidadãos que são os consumidores».

Segundo a autarca, «só na taxa de recolha há um aumento de 11 para 23 euros por cada tonelada», o que fará um acréscimo anual de 78 mil euros de encargo para o Município. «Mesmo com estes ajustamentos ficamos ainda com défice quer no abastecimento de água, quer no tratamento dos resíduos, quer também no saneamento», referiu ainda a edil.

Presente na sessão pública do executivo esteve um dos técnicos do Município que explicou que «um consumidor médio que consuma dez metros cúbicos de água em Anadia, em 2021 paga mensalmente 17,93 euros, passando a pagar agora cerca de 21 euros», exemplificando ainda que «em Oliveira do Bairro, pelos mesmos dez metros cúbicos, se paga atualmente 34,59 euros».

Explicações que não satisfazem a oposição. «Um aumento de 23% na fatura da água de um consumidor médio parece-nos excessivo. Compreendemos a exigência de aproximar os custos das receitas, mas é excessivo. Até parece que serve para compensar o ano de 2020 em que não houve alterações», defendeu João Nogueira, do PSD, questionando «se a Câmara protestou ou não sobre estes valores».

Jorge Sampaio, vice-presidente da Autarquia, congratulou-se «por Anadia continuar a ter uma das tarifas mais baixas» e lamentou que «ninguém se revolte com o aumento que nos é imposto». «Uma tarifa aumenta 57% e outra 100% e ninguém reclama porque uma é para o Estado e outra é para uma empresa do Estado», manifestou ainda.

«Não são aumentos que o Município lhe apeteça fazer, mas para a ERSUC temos de contribuir para a sustentabilidade da empresa, nomeadamente com os gastos do combustível, energia, pessoal e desgaste de material», referiu a presidente da Autarquia, recordando que, durante três meses de 2020, «houve redução nos tarifários municipais – água, saneamento e lixos -, com quebra de receita para a Câmara a favor dos munícipes e das empresas». «Neste momento, não conseguimos continuar a adiar a atualização do tarifário, ficando ainda muito aquém dos valores preconizados na região e no país», explicou.

A proposta de atualização dos tarifários foi aprovada pela maioria com os votos contra de Jorge São José e João Nogueira, do PSD, e de Lídia Pato, do PS.

 

Mónica Sofia Lopes