«A recusa do Partido Socialista relativamente a todas as propostas do Bloco de Esquerda para reforçar o Serviço Nacional de Saúde, devolver direitos aos trabalhadores ou acabar com os cortes nas pensões» são, segundo Moisés Ferreira e Nélson Peralta, recandidatos a deputados pelo círculo de Aveiro à Assembleia da República, o mote para que considerem que o voto útil à esquerda, nas próximas eleições legislativas, agendadas para 30 de Janeiro, sejam «inevitavelmente no Bloco de Esquerda». Numa conferência de imprensa, que se realizou na Mealhada, os deputados estiveram ladeados por Ana Luzia Cruz e Sónia Pinto, que também vão nas listas do distrito em quarto e décimo quinto lugar, respetivamente.

Para Moisés Ferreira só há dois caminhos a trilhar: «Manter-se tudo como está, com a falência de serviços de urgências e precariedade na saúde, por exemplo; ou, havendo um PRR de 16 mil milhões de euros e lições que se tiram da pandemia, porque se tem que ter um SNS preso por arames? É urgente rever-se as carreiras no SNS».

Mas as críticas não se ficam pela área da saúde: «Na escola pública, há disciplinas que ao dia de hoje ainda não têm um professor; para além disso temos um corpo docente envelhecido». «Já na Cultura, 0,25% do Orçamento do Estado é o mesmo que não ter nada», enfatizou o recandidato a deputado, defendendo também «reformas dignas para os portugueses e reavaliação do código do trabalho».

Ana Luzia Cruz, residente em Anadia, professora no Agrupamento de Escolas da Mealhada e deputada municipal na Mealhada pelo BE no mandato de 2017-2021, está na lista em quarto lugar. «Aceitei o desafio porque considero que o Bloco de Esquerda é o partido com as melhores respostas para o país», referiu, lamentando que «PS e PSD não tenham respondido às necessidades da municipalização. Há uma crença destes partidos em achar que quanto mais perto estão, melhor se resolvem os problemas, mas isto não é verdade». E exemplifica com «a falta de luz que existe, por exemplo, no pátio da Escola Básica 2 da Mealhada».

Questionada pelo resultado das autárquicas na Mealhada, em Setembro passado, onde o Bloco de Esquerda perdeu o único mandato que tinha na Assembleia Municipal, Ana Luzia Cruz garante que o Bloco de Esquerda «alargou o seu poder de influencia». «No nosso plano de trabalho reforçamos o nosso grupo e temos melhor reconhecimento público. Continuamos com força e convictos que estamos do lado certo», enfatizou.

Em 15.º nas listas por Aveiro, está também Sónia Pinto, de 37 anos, residente na Pampilhosa, concelho da Mealhada. Enfermeira numa Unidade de Saúde Familiar, a jovem lamenta que os primeiros cinco anos de profissão tenham sido de precariedade: «Trabalhei para o Estado, mas foi um período que não contou como tempo efetivo de trabalho». «Há um grande desinvestimento no SNS, fecham-se Extensões de Saúde por falta de profissionais e isto leva a que haja bolsas de horas intermináveis», continua, manifestando que com a pandemia «os profissionais de saúde mostraram que são muito resilientes. Agora precisamos também de um Governo resiliente que dê aos profissionais de saúde condições, carreiras apelativas, vencimentos justos e incentivos. Sinto na pele, todos os dias, o desinvestimento na saúde, onde muitas vezes nem um termómetro funciona bem, e o único partido que vejo preocupado com estas questões é o Bloco de Esquerda».

Da região da Bairrada, estão ainda nas listas do BE por Aveiro, Renato Santiago, de Águeda. ««Temos uma lista com bons elementos, desde profissionais da saúde à educação, até ativistas laborais e sindicais», rematou Moisés Ferreira.

 

Mónica Sofia Lopes