«A Câmara sugeriu a colocação de tendas, bancos e de um contentor no Centro de Saúde de Anadia, para apoio à vacinação, mas foi matéria que não foi aceite». As palavras são de Teresa Cardoso, presidente da Câmara de Anadia, que lamentou, na última reunião pública do executivo, a condução de todo o processo de vacinação contra a covid-19 no concelho desde o seu início.

O assunto tem sido abordado nas redes sociais nas últimas semanas devido às filas para a vacinação, ao fim-de-semana, no Centro de Saúde de Anadia. Ao nosso jornal, uma leitora fez-nos chegar algumas fotografias registadas no passado dia 6 de novembro, um sábado, onde garante que «o atraso foi de cerca de três horas para além da hora marcada». «Foi um dia complicado já que era a vacinação acima dos setenta anos, o que significa, no meu entender, que não são idades para tanta espera», lamentou a munícipe ao nosso jornal.

O assunto foi também abordado por André Henriques, vereador eleito pelo Partido Socialista, na última reunião camarária. «Recentemente a SIC esteve no Posto de Vacinação em Anadia a fazer um trabalho, onde se viu um amontoado de pessoas no Centro de Saúde. O processo de vacinação vai ser intensificado e acho que o Município devia tentar colocar ali uma espécie de proteção, que resguarde do frio e da chuva», referiu o vereador da oposição, lamentando a falta «de condições de conforto e de segurança».

Em resposta Teresa Cardoso começou por dizer que «a responsabilidade da gestão de saúde é do Governo PS», recordando que o Município de Anadia não tem a competência da saúde. «E não a aceitamos a não ser que sejamos obrigados», defendeu, enfatizando que «tudo o que diz respeito ao funcionamento do Centro de Saúde é da responsabilidade do Ministério da Saúde».

Teresa Cardoso relembrou que sempre demonstrou «desagrado com o processo de vacinação em Anadia». «Em primeiro lugar optaram pela Extensão de Saúde de São Lourenço do Bairro e em dois dias tivemos que fazer as devidas alterações, nomeadamente a colocação de uma rampa. Foi feito, mas sempre manifestei que as condições ali eram indignas, com uns toldos tipo acampamento, mas que foi aquilo que a Saúde quis», continuou a edil, acrescentando que «um dia o senhor Almirante decidiu que em Aveiro podia ser feito num Pavilhão, mas nos restantes municípios da Comunidade Intermunicipal não».

«Depois houve chuva, houve infiltrações e a partir daí o coordenador da Extensão e o presidente da ACES (Baixo Vouga) entenderam que não havia condições e que se passaria para o Centro de Saúde de Anadia. “Mas porquê, se temos um pavilhão?”, questionei», desvendou Teresa Cardoso, garantindo que sugeriu «colocar um ou dois contentores, tendas e bancos» junto do Centro de Saúde, mas «foi matéria que não foi aceite».

Para a autarca não há dúvidas de que o processo de convocatória para a vacinação também foi mal conduzido: «Alguém de um “call center” em Lisboa chama 500 pessoas para o fim-de-semana e na mesma altura convoca Dia Aberto. É óbvio que tem que correr mal!». «Este é um tema que cansa e desgasta e já não sabemos o que fazer mais. Só se a Câmara chegar lá e encerrar um edifício que não é nosso e dizer aqui não entra mais ninguém», rematou.

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

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