Faleceu ao início da tarde de ontem, sexta-feira, 19 de novembro, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, José Pires, com 76 anos, um empresário de sucesso ligado ao ramo de espaços noturnos, que deixaram uma marca no panorama regional. Na Mealhada com os Três Pinheiros e em Coimbra com a Broadway.

Natural de Vale de Espinho, na Guarda, José Pires esteve muitos anos emigrado em França, onde nasceram três dos seus cinco filhos. Quando regressou de Toulouse, José Pires tornou-se um empresário de sucesso no país onde nasceu, concretamente na região Centro. Teve uma discoteca em Viseu e a Broadway, na Pedrulha, em Coimbra, numa parceria entre a empresa de som Furacão e os Três Pinheiros, na Mealhada. «Os Três Pinheiros foi a sua grande casa, com três pistas a trabalhar em simultâneo, durante anos, sempre repletas ao fim-de-semana», disse, ao nosso jornal, fonte da família.

Já em outubro de 2007, o Diário de Coimbra dava conta da história do seu grande empreendimento turístico – a Quinta dos Três Pinheiros -, situado em Sernadelo, no concelho da Mealhada. «Quando adquiriu uma quinta degradada, junto à Estrada Nacional 1, em finais da década de 70, José Pires tinha bem presente o objetivo do negócio: construir uma boa casa de férias, para quando viesse a Portugal. Mas a companhia de um amigo, numa dessas viagens, acabaria por lhe trocar as voltas. Arquiteto de profissão, o amigo francês sugeriu-lhe que o espaço fosse transformado naquilo em que, grosso modo, se tornou», lê-se no trabalho do nosso jornal, que refere ainda que os Três Pinheiros foram inaugurados a 11 de dezembro de 1980.

O sucesso não se fez esperar, não só pela privilegiada localização geográfica, mas também pelo serviço inovador apresentado. Pessoas oriundas de todo o país convergiam ao espaço de animação, por onde foram passando também muitas referências do meio artístico. E assim foi durante décadas, até ao pedido de insolvência no início de 2020, depois do sector atravessar uma má fase, agravada com a pandemia por covid-19.

José Pires foi ainda proprietário, nos anos oitenta, da Ampliluz Furacão, uma fabricante de sucesso de material de som e presidente da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal. Mais recentemente, José Pires teve um negócio de hotelaria – Quinta das Orquídeas – em Grada, no concelho de Anadia.

Em 2019, o empresário começou a ficar debilitado. «Começou a perder energia, precisava de auxílio para se cuidar e levantar e tomava medicação (entre outros) para o coração», disse, ao nosso jornal, o neto Daniel Pires, explicando que o avô esteve institucionalizado na Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, tendo mudado há cerca de dois meses para a clínica Ibervita, em Anadia. «Nos últimos tempos tinha vindo a piorar, ficou cego de uma vista e surdo, mas o pior foi mesmo a solidão que atravessou desde o início da pandemia, com a proibição de visitas», referiu o familiar, garantindo que o avô «só pedia para ir para casa». Também bastante comovida estava a filha Catarina Pires, que ao telefone nos confessou: «Faleceu um bom pai, do melhor que há, uma boa pessoa e um excelente profissional».

José Pires faleceu ontem, depois de dar entrada nas Urgências do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, cerca das 15 horas, aos 76 anos. José Pires tem cinco filhos – Pierre, Claude, Catarina, José António e Jorge Pires – e uma dezena de netos.

O corpo estará este domingo, na Casa Mortuária da Mealhada (ao lado da Igreja, das 13h às 15h45, realizando-se uma cerimónia na Igreja da Mealhada às 16 horas. A cremação em Taveiro acontece pelas 17 horas, com um pequeno momento para a família mais próxima. No dia seguinte, segunda-feira, pelas 11 horas, decorrerá uma missa em Vale de Espinho, seguindo as cinzas com a família para a Quinta onde José Pires nasceu.

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

Fotografia Diário de Coimbra