Notícia atualizada às 13h40 de 9 de novembro de 2021
A Associação do Carnaval da Bairrada tem nova direção liderada novamente por Alexandre Oliveira, depois da anterior, presidida por Janine de Oliveira, ter pedido demissão em meados do passado mês de outubro, cerca de meio ano antes do mandato terminar, alegando a dirigente motivos «de ordem pessoal e profissional». «Para nós não é novo estarmos aqui e não íamos deixar a ACB descalça», referiu o novo presidente, instantes depois do ato eleitoral que apenas contou com uma lista na corrida.
Depois do mandato de 2016 a 2019, onde foi o responsável pela mudança dos corsos do Carnaval Luso-Brasileiro da Bairrada novamente para o centro da cidade da Mealhada, Alexandre Oliveira manteve muitos dos elementos da sua anterior equipa, e assume novamente os destinos da Associação do Carnaval da Bairrada até o Verão de 2024. Na eleição, que decorreu na noite do passado sábado, o dirigente arrecadou 30 votos favoráveis e 13 em branco. «Somos uma direção de trabalho, mais do que palavras», disse na ocasião.
Na equipa diretiva, Alexandre Oliveira conta com Paula Gradim na vice-presidência, Mário Bruno Gaspar é o secretário; Bruno Diogo o tesoureiro; e Luís Moreira, Gonçalo Santos, Gisela Oliveira, Francisco Aleixo e Lúcia Covas são os vogais. A mesa da assembleia-geral continua a ser presidida por Carla Carvalheira, sendo secretariada por Filipe Castela e tendo como vogal Sofia Neves. No conselho fiscal, Sónia Branquinho é a presidente, Carmina Parreira a secretária e Catarina Pedro vogal.
Contas do exercício anterior contestadas
A assembleia-geral serviu também para a votação do exercício financeiro relativo ao trabalho dos órgãos sociais cessantes. Nas principais despesas, a ACB despendeu quatro mil euros para a feitura da Mascote «Rei Momo» e três mil para a presença da artista Luciana Abreu no vídeo dos 25 anos do Festival do Samba, data celebrada em setembro de 2020. Já na comemoração dos 50 anos do Carnaval Luso-brasileiro da Bairrada, que aconteceu durante o ano de 2021, a ACB investiu perto de cinco mil euros no aluguer de um contentor para a exposição itinerante, que percorreu as freguesias do concelho da Mealhada; perto de 2.500 euros para a produção do livro e cerca de cinco mil euros na edição e impressão da obra. A presença da artista Luciana Abreu na Gala dos 50 anos teve um encargo de três mil euros.
Houve ainda um donativo de 4.500 euros às escolas de samba e um de cinco mil euros aos Sócios da Mangueira, devido ao incêndio que tiveram na sua sede social em agosto de 2020. A rubrica de serviço de secretariado, marketing e comunicação (recursos humanos) teve um custo 4.300 euros.
«Acho muito triste os gastos exacerbados que se fizeram e que não foi com as escolas. Vejo isto como um gozar com quem trabalha e dá o litro. Não acho minimamente justo», referiu Patrícia Pinto, contestando «a proporção dos gastos» que, na sua opinião, «não é coerente». «O Carnaval da Mealhada e a ACB existem por causa das escolas», enfatizou.
Patrícia Santos, tesoureira da anterior direção, defendeu serem «opções da direção, discutidas e aprovadas em reunião. Estávamos em pandemia e tivemos que nos reinventar». «Este documento que fizemos está exatamente igual ao extrato bancário da Associação do Carnaval, com todas as receitas e despesas descriminadas ao cêntimo», continuou, informando que a conta tem um saldo positivo «no valor de 7.223,44 euros».
Sem a realização dos corsos do Carnaval Luso-Brasileiro da Bairrada em 2021, a maior receita obtida foi a proveniente de uma candidatura designada «Foliar entre Montes e Mar» do Programa Operacional Centro 2020, pela qual a Associação do Carnaval da Bairrada foi abrangida, e que totaliza um montante superior a 37 mil euros, tendo já sido recebidos cerca de 26 mil euros.
«Esta candidatura obrigava-nos a criar uma nova iniciativa, que não existisse no município e a nossa opção foi investir na Gala dos 50 anos», explicou Patrícia Santos, informando que ainda falta a ACB receber dinheiro deste contrato, que implicará também «a apresentação do livro, workshops e um desfile em cada concelho dos abrangidos pela candidatura».
O parecer do conselho fiscal à demonstração – que foi aprovada com seis votos favoráveis e 26 abstenções – foi positivo, tendo em conta que «as principais despesas dizem respeito aos 50 anos do Carnaval e às escolas de samba» e o facto de «não existirem dívidas», ressalvando, contudo, que «o valor com os recursos humanos não devia existir».
Mónica Sofia Lopes