Palavras-chave: aleitamento materno, amamentação, mitos, saúde materna, enfermeiro.

Autor: Fátima Cruz, Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia a exercer na Unidade de Saúde Familiar Caminhos do Cértoma – Pampilhosa.

 

 

 

INTRODUÇÃO

A produção de leite materno é um processo fisiológico normal, que surge como consequência de ter um bebé (Galvão como referido por Ribeiro, 2015). A amamentação com leite materno constitui a forma mais natural de alimentação e é considerado como o alimento ideal para o lactente devido às diversas propriedades nutricionais e imunológicas, que protegem o recém-nascido de infeções, diarreia e doenças respiratórias, permitindo assim o seu crescimento e desenvolvimento saudável, além de fortalecer/reforçar/promover o vínculo mãe-filho e reduzir o índice de mortalidade infantil (Cotta, Marques & Priore, 2011).

 

OBJETIVOS

Identificar quais os mitos e crenças que estão presentes no quotidiano das mães/gestantes.

Informar sobre a veracidade dos mitos e crenças.

 

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada em bases de dados acessíveis de estudos em português e inglês, publicados nos últimos 10 anos, contendo as palavras-chave “aleitamento materno” OR “breastfeeding” AND “mitos” OR “myths” AND “nurs*”. Foram escolhidos e analisados dois artigos com a informação pertinente.

 

RESULTADOS

A crença do leite fraco: A aparência aguada do leite materno, principalmente do colostro, faz com que a mãe considere que o seu leite tem pouca qualidade, o que a faz acreditar que não é suficiente para saciar a fome do bebé por diferir do leite de vaca, que apresenta uma composição com maior quantidade de proteína. Esta crença é falsa, pois o leite humano/materno contém todos os nutrientes que a criança necessita até aos seus seis meses de vida, é de fácil digestão, e seu aspeto aguado é uma característica normal. Pode- se afirmar que está sempre em boas condições para o consumo da criança.

O mito do leite insuficiente: Maioritariamente das vezes, deve-se ao facto de as mães se sentirem inseguras quanto à sua capacidade de produzir leite no volume que consideram ser adequado para o bebé. O mito de o leite não sustentar – por ser pouco – é muitas vezes baseado no choro do bebé, que geralmente é associado à fome ou ao facto de o leite não estar a ser suficiente para suprimir as necessidades do mesmo. Quando estão sob fatores stressores como nervosas ou ansiosas relativamente a algo, há uma redução ou mesmo bloqueio na produção de leite. Quase todas as mães conseguem produzir leite em quantidade e de qualidade suficiente para o seu bebé, desde que elas queiram – sejam autoconfiantes em relação à sua capacidade de amamentar – e que posicionem a criança corretamente durante a lactação/amamentação.

O mito “o bebê não quis pegar o peito”: A amamentação é considerada uma prática natural e de fácil execução, basta a mãe “oferecer o peito, o leite sai e o bebé mama”. Porém, os recém-nascidos, nos seus primeiros dias de vida, podem ter algumas dificuldades para realizar a sucção, por não estarem familiarizados com a prática. Surge o mito de o bebé não querer abocanhar o peito, como um dos principais fatores para a complementação/suplementação precoce. Cabe ao enfermeiro educar sobre a forma correta de pegar a mama, o posicionamento da mãe e do bebé no momento da amamentação, os cuidados a ter com os mamilos e desmistificar qualquer mito ou dúvida relacionados com a lactação, possibilitando o sucesso e a manutenção do aleitamento materno.

O mito “o leite materno não mata a sede do bebé”: O leite materno contém toda a água de que uma criança necessita. Porém, acontece muitas vezes, a introdução de água e/ou chás precocemente, antes dos seis meses, apesar de não ser necessário.

A crença “os seios caem com a lactação”: O seio feminino, durante o aleitamento materno, pode assumir duas funções: alimentar (fonte de alimento para o bebé – mulher vista como mãe) e erótica (fonte de prazer para o companheiro – mulher vista como esposa). Ao longo da gestação a imagem que a gestante tem do seu corpo pode interferir na sua visão durante o aleitamento materno, de modo que quando essa perceção é negativa, sente/vê flacidez na mama, aumento dos mamilos, achando-os feios, contribui para o insucesso da lactação/amamentação.

 

CONCLUSÃO

É imperativo que o enfermeiro assuma a responsabilidade de auxiliar e promover a educação das mães antes/durante/após iniciarem o aleitamento materno e sustentar apoio na superação das dificuldades que possam surgir. Devem garantir que a mulher que amamenta, se sinta segura para o processo aconselhando-a, por exemplo, a uma rede de apoio, como um grupo de várias gestantes que amamentam juntas para que de certa forma que se sintam mais integradas. Promover uma escuta ativa dos seus receios e ansiedades durante toda esta etapa, torna-se essencial para que consigamos desmitificar tudo o que poderá influenciar negativamente a amamentação.

Em suma, o enfermeiro, que assume um papel maior de proximidade com a gestante, pode e deve influenciar de forma positiva o início da amamentação, evitando o desmame precoce e ainda, o surgimento de possíveis complicações.

 

BIBLIOGRAFIA

  • Ribeiro, C. S. C. (2015). Determinantes na Prática da Amamentação: Mitos e Crenças (Dissertação de mestrado). Universidade Fernando Pessoa, Faculdade de Ciências da Saúde, Portugal.
  • Cotta, R. M. M., Marques, E. S. & Priore, S. E. (2011). Mitos e crenças sobre o aleitamento materno. Ciência & Saúde Coletiva, 16(5), 2461-2468.
  • King, F. S. (2001). Como ajudar as mães a amamentar (4a ed.). Brasília: Ministério da Saúde.

 

 

Imagem de capa: lallasamm (https://pixabay.com/pt)