Portugal terá 45 milhões de euros destinados ao restauro dos ecossistemas, nomeadamente, para intervir nos perímetros florestais; para combater a desertificação, garantindo o solo mais rico e uma floresta baseada essencialmente em plantas autóctones; e para investir em viveiros e ainda em parques florestais. «Todo este dinheiro tem que estar gasto até ao final de 2023», anunciou, na manhã de 11 de agosto, na Mata Nacional do Bussaco, concelho da Mealhada, o Ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, na cerimónia de apresentação da medida «Resiliência dos territórios face ao risco», inserida na iniciativa de financiamento REACT-EU (Assistência à Recuperação para a Coesão e os Territórios da Europa).

«São 45 milhões de euros destinados ao restauro dos ecossistemas, para que possamos viver bem com a Natureza, no seguimento deste desafio que Portugal e todo o mundo têm que saber para cumprir e dar resposta às alterações climáticas», referiu João Matos Fernandes, garantindo que há que refazer «a nossa paisagem em mosaico, para que não existam grandes concentrações e extensões de uma só espécie florestal».

«Portugal tem uma grande biodiversidade de plantas que resulta da mistura entre aquilo que eram as condições naturais de base e aquilo que é a atividade humana», continuou o Ministro do Ambiente e da Ação Climática, desvendando que «os 45 milhões de euros pretendem intervir nos perímetros florestais, mas também no combate à desertificação. O deserto não se combate regando. O deserto combate-se garantindo que o solo é mais rico e que tem mais matéria orgânica. A forma mais perene de garantir que essa matéria orgânica está no solo é plantando árvores».

Mas para cumprir o objetivo do Governo em ter uma floresta baseada essencialmente em árvores autóctones «é preciso fazer-se um grande investimento em viveiros», garante João Matos Fernandes, acrescentando que Portugal não tem «plantas e sementes para poder plantar todas as árvores novas que quer». «Por outro lado, terá também que haver investimento nos parques florestais, alguns deles abandonados, e que, estando na periferia, próximo dos centros urbanos, são grandes espaços de educação ambiental e de educação para a floresta», disse ainda.

A verba terá que ser gasta até ao final de 2023. «O que significa que ainda este mês e no de setembro, os avisos, também para as entidades privadas se candidatarem, terão que estar abertos e o programa terá que estar na praça», afiançou João Matos Fernandes.

O anúncio da medida «Resiliência dos territórios face ao risco» surge poucos dias depois da publicação do relatório do painel intergovernamental para as alterações climáticas que, segundo o Ministro do Ambiente e da Ação Climática, «traz um calendário mais curto do que pensávamos, o que significa que se nada fizermos no final da década de quarenta, o aumento da temperatura na terra pode ser de um grau e meio». «Esta é uma novidade de grande preocupação que vem numa linguagem escatológica, de vida ou de morte, mas que vem na altura certa!», rematou.

 

Mónica Sofia Lopes