O secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Nuno Russo, presidiu, na tarde de ontem, à entrega dos prémios do XL Concurso «Os melhores vinhos Bairrada» Colheita de 2019, promovido pela Confraria dos Enófilos da Bairrada, e que decorreu no Museu do Vinho da Bairrada. Aproveitando a oportunidade, Teresa Cardoso, presidente da Câmara de Anadia, reivindicou uma pretensão do Município que lidera, e que há muitos anos é manifestada, para que seja instalado um Centro Nacional de Investigação de Espumantes na Estação Vitivinícola da Bairrada, em Anadia.

A reivindicação é antiga, e segundo a presidente da Câmara de Anadia, tem o apoio dos oito municípios da região da Bairrada. «Um Centro Nacional de Investigação de Espumantes que se destinará a todo país e não apenas à região da Bairrada», referiu a edil, manifestando «total disponibilidade» por parte da autarquia anadiense e agradecendo «ao presidente da Comissão Vitivinícola por tudo o que já angariou para que isto seja possível».

Em resposta, Nuno Russo falou da Agenda de Inovação para a Agricultura 20 | 30, apresentada na passada sexta-feira. «Uma visão estratégica para a década e que, com base na cocriação de conhecimento, na investigação e na tecnologia cada vez mais acessível, ambiciona reforçar o papel do sector na resposta aos desafios que presente e futuro nos reservam», referiu o secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural, exemplificando que «a região da Bairrada produz cerca de 60% do espumante nacional, sendo que o espumante é uma das bebidas cujo consumo mais cresce à escala global».

Nuno Russo e Célia Alves

Para Nuno Russo, «a Estação Vitivinícola da Bairrada, para além de ser um ativo irrefutável do ponto de vista patrimonial, detém todas as condições – vinha, laboratório enológico e conhecimento – para encabeçar e trazer este olhar disruptivo, fora da caixa para o espumante e para a sua produção. Foi, por isso, da maior importância a integração, na Rede de Inovação que faz parte desta Agenda, a Estação Vitivinícola da Bairrada».

Célia Alves, presidente da Confraria dos Enófilos da Bairrada, destacou «os momentos de dúvidas e temor» que a Bairrada viveu, nos últimos meses, «perante um futuro incerto», destacando que o sector do vinho «não para e todo o seu ciclo tem que ser mantido protegido e objeto de mil trabalhos». A representante da Confraria elogiou «a resiliência dos produtores da Bairrada, exemplificando com o número de vinhos em prova neste concurso: 30 vinhos brancos, sete rosados e 37 vinhos tintos.

Na categoria de brancos, o vinho São Domingos – Maria Gomes, Bical, das Caves Solar de São Domingos, arrecadou o primeiro lugar; o Medusa Reserva Branco, das Caves Central da Bairrada, ficou em segundo; e o Positive Wine – Maria Gomes, Bical, da Positive Wine, em terceiro lugar.

Nos vinhos rosados, o primeiro lugar foi para a Quinta do Poço do Lobo – Baga, Pinot Noir, das Caves São João; o segundo para Marquês de Marialva – Baga, da Adega Cooperativa de Cantanhede; e em terceiro o QMF Blush – Baga Touriga Nacional, da Quinta da Mata Fidalga Agricultura e Turismo Rural Lda.

Nos tintos, o vinho Casa do Canto – Baga, da Anadiagro, arrecadou o primeiro prémio; o Touriga Nacional, Merlot, do produtor João Paulo Machado, o segundo lugar; e o Ânfora 296, da Adega Cooperativa de Cantanhede, em terceiro lugar.

«Estamos numa região em que a agricultura e a vinicultura se cruzam com outros sectores, como a gastronomia, a restauração, a cultura e o turismo, de uma forma harmoniosa e natural. Esta sinergia é inquestionável!», destacou Nuno Russo.

 

Confraria dos Enófilos da Bairrada reclama «instalações condignas»

«Quarenta e um anos volvidos desde a nossa fundação, sempre procuramos de forma discreta, mas envolvente, ser os principais promotores de um sector que abarca oito concelhos entre os distritos de Aveiro e Coimbra», referiu Célia Alves, presidente da Confraria dos Enófilos da Bairrada, aproveitando a oportunidade para apelar «para a necessidade da Confraria possuir instalações condignas».

«Esta é uma necessidade que tem décadas!», enfatizou, referindo que o desejo da Confraria passa por «ter um espaço que possibilite outras ambições e que venha a ser uma realidade muito em breve».

 

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

Imagem de capa Facebook “Confraria dos Enófilos da Bairrada”