O presidente da Câmara da Mealhada, Rui Marqueiro, anunciou, esta segunda-feira, 22 de junho, em reunião do executivo municipal, que irá apresentar queixa-crime contra Hugo Silva, vereador da oposição eleito pelo PSD, por este ter afirmado publicamente, numa carta que enviou para a Assembleia Municipal e que, segundo uma nota da Autarquia, “foi depois amplificada na comunicação social e nas redes sociais”, onde escreve que, desde 2013, “se esfumaram dos cofres municipais quase 3 milhões de euros em resultados negativos acumulados”. Hugo Silva defende que sempre fez “considerações políticas” sobre a gestão autárquica que considera “errada e sem rumo” e adianta que pondera “uma distribuição generalizada porta a porta” da referida carta.

No documento, datado de 26 de maio de 2020, intitulado “Carta aberta – aos desafios Municipais”, e cujo o teor principal é o da recente venda da Escola Profissional Vasconcellos Lebre por parte da Câmara da Mealhada a um grupo privado, Hugo Silva afirma que “(…) há muito se percebeu a gestão financeira do Município”. “Aqui (…) executou-se investimento em valores que baixaram aos 38% do orçamentado anualmente – numa média a 6 anos inferior a 50% – e ainda assim, neste mesmo período, esfumaram-se dos cofres municipais quase 3 milhões de euros em resultados negativos acumulados”.

Uma afirmação que o presidente da Câmara considera “caluniosa e difamatória” e que, segundo o mesmo comunicado remetido ao nosso jornal, Arminda Martins, vereadora eleita pelo PS, lembra que, “no senso comum, ‘esfumar-se’ significa fazer desaparecer”. “É isso que qualquer munícipe entende das suas palavras. (…) para além de ofenderem a honra dos vereadores do PS, ofendem também os funcionários da Câmara, com responsabilidade partilhada em matéria financeira, cuja honestidade é posta em causa pelo senhor e eu não posso tolerar”, disse a autarca socialista.

Rui Marqueiro terá mesmo feito “chegar aos vereadores do PSD um documento, da autoria da Chefe da Divisão Financeira do Município, com todos os esclarecimentos que considera mais do que suficientes para Hugo Silva perceber que se excedeu nas afirmações públicas”. “Apesar de várias vezes convidado a retratar-se” pelo autarca, Hugo Silva “recusou fazê-lo e muito menos pedir desculpa ao presidente da Câmara, alegando que a sua afirmação não é ofensiva, que é apenas uma opinião”.

Ao nosso jornal, o vereador da oposição afirma que sempre fez “considerações políticas” com a finalidade “de denunciar uma gestão autárquica” que considera “politicamente muito errada e sem rumo”. Sobre a queixa-crime, o vereador da oposição afirma: “Tenho a agradecer a Rui Marqueiro a oportunidade que deu aos munícipes de reforçarem o seu conhecimento sobre a minha visão política para o concelho. A carta aberta está a ter ainda mais leitores e estou a aguardar orçamentos para uma distribuição generalizada porta a porta que ponderarei em poucos dias”.

 

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

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