Dezenas de pessoas ligadas ao sector educativo estiveram, durante todo o dia de sábado, 16 de março, no décimo “Encontro com a Educação”, na Mealhada, este ano, sob o mote “Professores e Alunos para o século XXI: Desafios e Competências”. Uma iniciativa levada a cabo pelo autarquia mealhadense em colaboração com o Agrupamento de Escolas do concelho e a Escola Profissional Vasconcellos Lebre.

“Discutir o aluno do século XXI é pergunta para um milhão”, começou por dizer Cristina Oliveira, Delegada Regional de Educação do Centro, defendendo que “mais importante que saber a data da Batalha de Aljubarrota, é dar a conhecer aos nossos jovens os problemas do mundo”, bem como fomentar “os valores de cidadania, democracia, igualdade, liberdade e fraternidade”.

“Espero que todos sejamos capazes de olhar para os nossos alunos e conduzi-los para o século XXI, do qual já fazemos parte”, acrescentou.

Para José Calhoa, gerente da EPVL, “tentar saber o que o ‘amanhã’ nos reserva é um tema muito pertinente”, até porque, diz, “temos que nos adaptar aos tempos e ao mundo que evolui a uma velocidade muito grande”.

Elogiando o trabalho do corpo docente e não docente da escola que representa, José Calhoa referiu que, no ano transato, cinquenta por cento dos alunos, que terminaram os cursos profissionais, ingressaram no ensino superior e os restantes optaram pelo mercado de trabalho, sendo que destes, “noventa e cinco por cento estão a trabalhar”. “Sabemos que este é um trabalho resultante de uma boa direção pedagógica e de um bom ambiente na escola”, elogiou.

Fernando Trindade, diretor do Agrupamento de Escolas da Mealhada, colocou a tónica do tema no “sabemos o que é preciso fazer, a questão é como se faz e como temos que o fazer”. “A escola tem sido a primeira na linha da frente na resposta aos problemas graves dos alunos”, acrescentou, questionando, retoricamente, “se é na escola que tudo acontece, com que ideias abordamos a questão da escola do século XXI?”.

Em representação da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas da Mealhada esteve a vice-presidente da direção, Iola Batista, que começou por afirmar que é um desafio cada vez maior o de educar, “para pais, professores e toda a comunidade escolar”.

No discurso enfatizou o facto de hoje em dia ser “exigido aos professores uma constante aprendizagem e reciclagem”, lamentando que “os jovens não saibam viver sem a tecnologia”, em detrimento da leitura de um livro.

Rui Marqueiro, presidente da Câmara da Mealhada, encerrou a sessão de abertura da iniciativa, afirmando que “a educação é um dos maiores desafios que o mundo tem”. “As máquinas e as tecnologias estão a revolucionar o mundo”, questionando até se “daqui a cinquenta anos haverá edifícios escolares e/ou professores (em contexto de sala de aula)”. “Oxalá que o mundo futuro seja muito melhor que o nosso de hoje!”, acrescentou.

Um assunto também abordado na conferência de abertura, por Maria João Horta, Subdiretora da Direção Geral da Educação, que declarou querer “acreditar que a escola terá cada vez mais um papel determinante”. “Em vez de negarmos, temos é que nos aproximar da internet e das redes sociais, desenvolvendo o pensamento crítico nos jovens para que também eles sejam críticos e possam ter liberdade para fazer escolhas”, defendeu.

 

Marqueiro lamenta atraso nas obras da Secundária da Mealhada

Na sua intervenção, Rui Marqueiro, presidente da Câmara da Mealhada, pediu ainda “desculpas” pelo atraso nas obras da Escola Secundária. “O principal responsável político muitas vezes tem que pedir desculpas mesmo sem ter culpa”, lamentou sobre uma obra custeada pela Autarquia, através de um contrato interadministrativo de transferência de competências.

O tema tem sido abordado em diversas Assembleias Municipais, tendo sempre o autarca lamentado o atraso e o incumprimento por parte do empreiteiro da obra. No passado sábado, no décimo “Encontro com a Educação”, o edil tocou no assunto para pedir desculpas, explicando que “as obras estão atrasadíssimas e não têm corrido como queremos, apesar de toda a fiscalização que a Câmara tem feito”.

Recordamos que a empreitada, iniciada em maio de 2018, tinha um prazo de conclusão de cento e oitenta dias, e um custo de seiscentos e cinco mil euros só de obra de construção civil, acrescendo cerca de duzentos mil euros de custos com projetos e assistência técnica.

Os trabalhos incidem sobre casas de banho, recepção, escadas interiores, envidraçados, instalação de um elevador e colocação de protecções ao frio e calor de forma a proteger as salas de aula da escola. Será ainda requalificado o sótão, que será transformado em espaço utilizável, e o balneário (interior e exterior), bem como o seu acesso. Serão criadas condições para melhoria do acesso pedonal à escola.

 

Mónica Sofia Lopes