António Pires Preto, psiquiatra e coordenador para a saúde mental na Administração Regional de Saúde do Centro, manifestou, na passada sexta-feira, dia 22 de junho, na Mealhada, a sua preocupação para a falta “de medidas políticas nacionais relativamente à demência”, adiantando, contudo, que o próximo mês de julho trará novidades, neste sentido, com a publicação “de uma nova portaria”.

“É urgente que tenhamos políticas, consistentes, relativamente à demência”, disse António Pires Preto, convidado do II Congresso Internacional de Geriatria e Saúde Mental, que se realizou no Cineteatro Messias, na Mealhada. “Existem cento e cinquenta mil pessoas com demências em Portugal. É um número demasiado forte para ser ignorado”, acrescentou.

Para o coordenador da saúde mental na ARS do Centro “já há grande preocupação pelas demências”, faltando, contudo, “as políticas”. E recordou o balanço e recomendações feitas, após o estudo de um grupo de trabalho que o Governo criou para a saúde mental, em outubro de 2016.

“Defendem a definição de políticas, uma coordenação destas com o Serviço Nacional de Saúde e a possibilidade de cada região definir as suas”, disse António Pires Preto, enfatizando que o sucesso deste tipo de doenças deve ser “o diagnóstico atempado; as pessoas devem ter acesso ao tratamento / medicação; deve pensar-se nos cuidadores informais; e os profissionais de saúde devem ser formados na área”.

Para além disso, acrescenta: “É importante a utilização das novas tecnologias, bem como que se faça investigação nesta área, que possa ter consequências”.

Miguel Guimarães, Bastonário da Ordem dos Médicos, começou por elogiar o congresso, promovido pela Replicar Socialform, uma empresa alojada no Espaço Inovação da Mealhada. “É uma iniciativa condenada ao sucesso!”, referiu, afirmando, e já sobre o tema do “encontro”, que “a partir dos sessenta e cinco anos, a qualidade de vida das pessoas é sempre mais baixa”, prevalecendo “uma taxa elevada em certos tipos de doenças, como a diabetes e a saúde mental”.

Para o Bastonário da Ordem dos Médicos é, por isso, importante que seja estabelecido “o estatuto do cuidador informal” que leve até “à criação de uma rede de cuidadores”.

Presente esteve também Nuno Canilho, vereador na Câmara da Mealhada e responsável pelo pelouro da Ação Social, que começou por dizer que “a saúde mental não é exclusivamente dos mais idosos”, mas que “num território como o da Mealhada, com treze Instituições Particulares de Solidariedade Social, temos os lares e outras respostas repletas de pessoas com demências que deviam estar em outros lugares”.

O autarca disse ainda ser “muito difícil para as IPSS do concelho conseguirem dar resposta às pessoas, quando efetivamente estas estão desadequadas em alguns serviços”, relembrando a pretensão da Misericórdia da Mealhada “em construir uma unidade desta natureza”. “Só com a ajuda do Estado poderá ver a luz do dia…”, rematou.

 

Mónica Sofia Lopes