Sou criança todos dias, cresci a ser criança e tudo que vou fazer nesta vida vai ter uma “pitada” de criancice. Todos os dias são meus dias, faço festa a qualquer momento, desde que me permitam. Mas, este mês é um dos meses mais especiais para mim ao longo do ano. O mês de novembro também é especial.

Quando chega primeiro dia deste mês, toda a atenção é virada só para mim, a minha felicidade aumenta, ando ocupado sem saber o que fazer, pois, quero sempre tudo, mas os meus pais não me deixam ter tudo e nem conseguem arranjar tudo que quero. Por isso, tratam-me com todo carinho possível, compram presentes bonitos e levam-me a um sítio divertido.

Já lá vão mais de metade de um século desde que escolheram este dia para me fazerem mais feliz. Ensinam-me cada vez mais a amar e a respeitar o próximo. Aprendo mais sobre os meus direitos para que um dia possa transmitir o mesmo aos mais novos.

Com toda esta felicidade que me rodeia, penso que talvez possa acontecer o mesmo com todas as crianças do mundo. Mas, quando recebo a mensagem do meu amigo papagaio, percebo que nem todas as crianças estão felizes como eu. Com isso, questiono-me, porquê que todas as crianças não sentem o mesmo que sinto?

Portanto, quando não encontro respostas às minhas perguntas, pergunto aos meus pais. Estes por sua vez, também não me respondem exatamente o que pretendo saber. O meu amigo papagaio volta a trazer outra mensagem para mim e daí fico aliviado, mas não feliz porque as outras crianças não estão.

O grande problema não está em nós, porque com festa ou sem festa a nossa felicidade é constante, às vezes ficamos tristes porque não nos deixam fazer o que queremos. Mas mesmo assim, a nossa felicidade mantem-se. O problema está nas pessoas que não pensam em nós com dignidade e não respeitam o nosso espaço e os nossos direitos.

Pensam simplesmente neles próprios e não se lembram que passaram a mesma fase que estamos a passar. Fazem guerras e lançam bombas sem pensar que estamos tão próximos. Em vez de nos deixarem florescer com educação, saúde, amor, respeito, solidariedade e liberdade, acabam com as nossas vidas muito cedo, não nos deixam brincar, saltar, correr, aprender a aprender, e não nos deixam viver em paz que sempre queremos.

Se não querem pensar em nós, não pensem, mas nos deixem viver em PAZ, aprender em PAZ, brincar em PAZ. Entretanto, se querem fazer guerras, não façam perto de nós, lancem bombam longe dos nossos sítios de brincar. Assim, crescemos com LIBERDADE e PAZ.

 

Artigo de Mamadu Alimo Djaló

Estudante de sociologia na universidade do Algarve

Antigo aluno de Técnico de Restauração, Cozinha e Pastelaria na EPVL