Ultrapassada a fase negra dos vinhos da Bairrada, em que a marca foi muito rejeitada pelo mercado, vive-se agora uma altura de consistência, variedade e qualidade. E isso permite à Comissão Vitivinícola olhar para o futuro e abraçar os desafios.

Ainda este ano estará concluída a reformulação da marca Bairrada. “Temos um projeto em parceria com a Rota e os municípios que a integram, onde os vinhos e a gastronomia serão o motor de uma agregação de mais valências”, explicou-nos Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada, afirmando que “o país e o mundo têm que saber que a Mata do Bussaco, a Pateira de Fermentelos e a Praia da Tocha, por exemplo, ficam na Bairrada. Tem que saber que a Feira da Vinha e do Vinho, a Expofacic e o AgitÁgueda se realizam na Bairrada”. “Enquanto marca podemos ser um complemento excepcional às cidades de Aveiro e de Coimbra”, continuou.

“Se alguém vier Aveiro e, em vez de uma noite, ficar duas porque entretanto esteve na Bairrada a conhecer umas Caves e a comer leitão, ganhámos todos, ganhou a região!”, enfatizou.

Por outro lado, há uma vontade de se trazer para a Bairrada uma plataforma de conhecimento na área do espumante. “Uma região que produz mais de cinquenta por cento de espumante do país têm que chamar a si a obrigação do desenvolvimento desse produto, aos níveis nacional e internacional”, disse Pedro Soares, adiantando que a formalização dessa intenção pode acontecer já no segundo semestre de 2017, “uma vez que há entendimento das cinco regiões vínicas que compõem o Centro de Portugal para que essa plataforma seja na Bairrada”.

Num mercado onde se cresce “mais dois dígitos por ano”, Pedro Soares não tem dúvidas de que a internacionalização é o caminho. “Se o mercado pede, nós produzimos e os espumantes são diferentes, porque não liderarmos este movimento? Com isto estaremos a ter um papel fundamental de ajuda pela via do conhecimento para que no futuro tenhamos um produto mais identitário e de maior valor”, acrescentou.

O trabalho desta plataforma é um dos projetos que integram a candidatura ao Centro 2020, elaborada pela CVR, Rota da Bairrada e os oito Municípios que a compõem, onde em julho de 2019 se espera “que esteja muito trabalho feito ao nível da promoção e do conhecimento”.

“Ao investirmos nesta área, vamos perceber se economicamente estamos a vender bem as nossas vinhas e vinhos a um preço que permita pagar a atividade; e, por outro lado, com a ajuda de uma consultora internacional, estamos a estudar se vale a pena exportar espumantes, para que mercado e a que preço”.

 

Mónica Sofia Lopes