O presidente da Câmara da Mealhada manifestou, na noite da passada sexta-feira, em sessão de Assembleia Municipal, vontade em que a autarquia adquira cem por cento das quotas da Escola Profissional Vasconcellos Lebre, na Mealhada. Em resposta às questões das diversas bancadas políticas, acerca do recente “perdão da dívida” à referida instituição de ensino, o edil trouxe novos dados, garantindo que “depois de contas feitas, vamos ver se de facto houve perdão de dívida ou se a Câmara ainda deve alguma coisa à escola”.

O “perdão da dívida” em rendas da Profissional da Mealhada à Câmara, desde junho de 2016, foi aprovado na última reunião do executivo. Um assunto levado à sessão da Assembleia Municipal, onde alguns deputados colocaram em causa que este perdão seja feito a uma sociedade por quotas, uma vez que vinte por cento da Escola Profissional da Mealhada, Lda., é da Associação Recreativa de Ventosa do Bairro e do Jardim de Infância Dr.ª Odete Isabel (Barcouço); 44,1% da Câmara; e 35,9% da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Bairrada e Aguieira.

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“Não temos dúvidas do serviço público que a EPVL faz e que mantê-la é um compromisso que todos devíamos assumir”, começou por dizer Marilisa Duarte, da coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada” (que agrega o PSD, CDS, Partido da Terra e Popular Monárquico), elogiando “o empenho de todas as entidades”, mas defendendo que “um perdão de dívida no valor de mais de cem mil euros, não nos parece que seja a forma correta de solucionar o problema”.

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Também Ana Luzia Cruz, do Bloco de Esquerda, disse reconhecer “a importância da escola”, declarando, contudo, que a EPVL “é uma sociedade com vários acionistas onde se encontra um banco privado”.

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Em resposta, Rui Marqueiro, presidente da autarquia, recordou que a escola foi construída nos anos noventa com apoio da Câmara e de fundos comunitários e que, na sua opinião, deve ser considerada um êxito para o Município. O autarca afirmou que “o financiamento às escolas é um problema do país” e que, “neste momento, a EPVL está mais ou menos estável, mas que se o POCH (Programa Operacional Capital Humano) tiver um atraso de seis, sete meses, como a escola não tem receitas, fica com problemas de tesouraria, obviamente”.

Dirigindo-se à deputada do Bloco de Esquerda, o edil garantiu não ter nascido “para enriquecer banqueiros” e que defende até “que a Câmara deve comprar a quota e ficar com cem por cento do capital total da escola”.

Foi ainda mais longe, adiantando que “as contas têm que ser bem feitas, porque no final, se calhar, ainda será a Câmara a dever dinheiro à escola”. “Quem cobra rendas é também quem faz investimentos e, neste caso, a escola pagava uma renda à Câmara e ainda custeou todas as intervenções realizadas”, disse Rui Marqueiro, acrescentando que “houve um alargamento do edifício para os sectores de mecânica, electrónica e informática” e que, portanto, “quando se fizerem bem as contas, vamos ver quem deve dinheiro a quem!”.

A intervenção a que se referiu foi feita há uns anos, financiada pela EPVL, e Rui Marqueiro disse ser agora “um dado novo”, enfatizando: “Não sei mesmo se houve algum perdão aprovado na Câmara”. “Em breve haverá documentos que nos farão analisar a situação de outra forma e colocar as coisas como elas são…”, concluiu.

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

Fotografias de José Moura