A Mata Nacional do Bussaco e a sua mais recente “elevação” a Monumento Nacional foram alvo de críticas por parte de Raul Aguiar, ex-dirigente da Junta de Turismo Luso – Buçaco e membro na primeira administração da Fundação, que diz ser aquele um local “em ruínas”. As declarações, efetuadas em sessão da Assembleia Municipal da Mealhada, não caíram bem a Rui Marqueiro, presidente da Câmara, que referiu serem proferidas por “ignorância”.

“Parabéns, senhor presidente, por conseguir que as ruínas do Bussaco sejam Monumento Nacional”. Foi assim que começou a intervenção de Raul Aguiar, enumerando, de seguida, algumas das Ermidas do Bussaco, que diz estarem “abandonadas”: “Ermida S. Elias, Nossa Senhora da Assunção, São João,…”.

“São locais que estão no chão, em ruínas, alvo de vandalismo e muitas com os telhados a cair e cheios de fetos porque não são limpos desde 2011”, disse Raul Aguiar, apelidando a situação de “incúria”. “Na Fundação deixou de haver martelo, madeira e pregos!”, acrescentou.

“No Pretório, o telhado é um monte de lixo com as humidades a entrarem por todos os lados”, disse ainda Raul Aguiar, garantindo que “o Chalet de Santa Teresa está com as portas abertas, a ‘pedir’ para que o vandalismo entre… E estamos a falar de um sítio que se situa a cento e cinquenta metros da Fundação”. “São estes os monumentos nacionais aprovados?”, questionou, acrescentando: “Penso em enviar todas estas fotografias ao Professor Marcelo Rebelo de Sousa para que veja bem o que aprovou”.

“Para além disso”, acrescentou, “ouço dizer que a Fundação só herdou o que está dentro dos muros da Mata, mas a lei diz que até cento e cinquenta metros de fora a Fundação tem que tratar e cuidar”.

As críticas levadas ao órgão municipal, na noite da passada terça-feira, acontecem numa altura em que a recuperação do Convento de Santa Cruz e das vinte e uma Capelas dos Passos da Via Sacra, uma obra assumida pela Câmara no valor de um milhão de euros, se prepara para ser consignada ao empreiteiro, ao que tudo indica, durante este mês de Março. “Um milhão de euros para o Bussaco… Se é dos munícipes é muito, se é de algum projeto candidato ao Portugal 2020 é pouco”, acrescentou ainda Raul Aguiar, dizendo “render-se” caso se faça obras no Convento e nas Ermidas “apenas com esse valor”.

E concluiu: “Em 2004, o Bussaco tentou uma candidatura a Património Mundial, mas a Comissão Nacional da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) disse, na altura, que ainda havia muito trabalho a fazer. Veremos o que diz agora…”.

OLYMPUS DIGITAL CAMERA
OLYMPUS DIGITAL CAMERA

Em resposta, Rui Marqueiro começou por dizer: “Tenho pena que o senhor não tenha nunca conseguido, o que a Fundação alcançou, agora, com o apoio da Câmara Municipal”. “Foi aliás esta autarquia que conseguiu, sob tutela de quatro Ministérios, colocar os investimentos no Centro 2020”, referiu o edil, adiantando também que, “neste momento, o Bussaco está a concorrer a um outro financiamento (designado Programa INTERREG V-A Espanha-Portugal)”.

O autarca disse ainda que as declarações deveriam ser levadas à Fundação e não à Assembleia Municipal. “É por isso que a Fundação tem um conselho diretivo e outro consultivo”, explicou Rui Marqueiro, concluindo: “Está aqui alguém que já fez alguma coisa pelo Bussaco. Sei que custa a aceitar, mas vai ter que me aturar!”.

Já sobre os terrenos envolta dos muros da Mata, o autarca garantiu: “O senhor não conhece o último decreto de lei…”.

 

Texto de Mónica Sofia Lopes