A família de uma senhora, que faleceu na semana passada, no Canedo (freguesia da Pampilhosa), está “indignada” por o corpo da “ente querida” não ter tido permissão para estar, até à realização do funeral, na Capela de São Lourenço, a da localidade. E tudo porque as exéquias fúnebres coincidiram com a presença do Bispo de Coimbra, Virgílio do Nascimento Antunes, que está em visita pastoral ao concelho da Mealhada.

Os enfeites na Capela não deixam dúvidas de que o momento era “especial” na freguesia, contudo, a avó da esposa de José Sousa faleceu, aos noventa anos, às 21 horas da passada quinta-feira. E o funeral, diz o familiar, “não podia ser realizado no dia seguinte porque só à noite perfaziam as vinte e quatro horas, tendo ficado agendado para o dia seguinte”.

O corpo poderia, contudo, começar a ser velado ainda na sexta-feira, a partir das 17 horas, o que acabou por acontecer. “Só que a agência funerária recebeu um telefonema do senhor padre a desautorizar a vinda da senhora para a Capela do Canedo e tivemos que a levar para a Capela do Cemitério”, explicou-nos José Sousa.

Um local “sem condições para velar um corpo durante a noite”, tendo “obrigado” a família a recorrer “a um gerador” para conseguir receber as pessoas. “Muitas nem sabiam que a avó da minha esposa estava naquele local e dirigiram-se à Capela do Canedo. Quando chegaram ao Cemitério demonstraram-nos sempre indignação”, continuou.

Um lamento que José Sousa demonstrou na altura em que o Padre da Paróquia da Pampilhosa e o Bispo de Coimbra visitaram a Capela, ao início da manhã de sábado. “A única coisa que o senhor padre me disse é que esta visita já estava agendada há muito tempo… Mas eu pergunto, se a visita à tarde era na Lagarteira porque não se alterou com a do Canedo para dar à senhora um funeral digno?”, lamentou, ao nosso jornal, José Sousa, que disse ainda que “o funeral decorreu sem a presença de nenhum padre do concelho porque andavam todos na visita com o Bispo”.

“Isto é a imagem espelhada da Igreja Católica…. Estamos a falar de uma senhora que, exceptuando os últimos dez anos por doença, se dedicou a vida toda à Igreja e em especial a esta Capela. Este é um local cuja manutenção, obras e pagamento de luz é feito pela população, por uma comissão responsável para este efeito e, portanto, custa-me muito a entender este tratamento….”, concluiu.

Contactado pelo «Bairrada Informação», o Padre Carlos Godinho, das Paróquias do Luso e Pampilhosa, no concelho da Mealhada, referiu-nos que “foi dada a possibilidade do corpo ir para a Capela do Canedo, nesse sábado, às 11 horas ou ir para outra, quando quisessem, na Lagarteira”. “Bem sei que as pessoas gostam que os seus familiares estejam nas Capelas das suas localidades, mas tínhamos uma visita agendada há meses e tivemos que arranjar solução”, explica o pároco, garantindo que “a escolha da Capela no Cemitério do Canedo foi feita pela família e funerária” e considera até “não ter sido a mais adequada”.

 

Mónica Sofia Lopes