Eu nunca fui muito de andar às cavalitas do meu pai. Aquelas cavalitas em que nos sentamos nos ombros? Deus me livre. Ele sempre foi muito alto e eu sempre fui muito medrosa. E mais, quando vejo uma criança assim, em cima do pai ou da mãe, fico aflita de ter uma grande descarga de adrenalina. Tenho vertigem de simpatia, inventei agora o nome. Ah, e aquela história de todas as crianças quererem um beliche, sabem? Eu sou a melhor pessoa para dividir um beliche porque nunca seria capaz de dormir em cima. Eu gosto de sonhar alto, mas calma!

Por isso, no meu caso, ser baixa tem as suas vantagens. Já aconteceu estar num concerto e ter vários problemas por não ser alta. Por exemplo, eclipse solar é quando a lua esconde o sol e é como me sinto quando uma pessoa mais alta fica à minha frente num concerto. Não há nada a fazer, pelo menos estou lá e não acontece como daquela vez que não fui ao concerto de Slayer porque tinha as DocMartens no sapateiro.

Mas isso, ok, tudo bem. Se num concerto e alguém mais alto vai parar mesmo à minha frente, azar. Não subo nem subirei nos ombros de outra pessoa para ver melhor. O que eu faço é procurar outro lugar ou, na impossibilidade total de isso acontecer… vejo depois o concerto depois no youtube.

Tenho tantas vertigens que não dá para acreditar. Eu tenho vertigens quando subo a um banco para mudar uma lâmpada. Lembro-me de ter sido um terror começar a andar de saltos altos, e quem me dera que isto fosse tudo um exagero! Mas pronto, lá me habituei até que me tornei viciada em saltos-agulha (garotos, digam não às drogas!).

O piorzinho de tudo é quando acrescentam velocidade com um lugar alto. É o apocalipse para mim. Então, meu amigo, se fores andar de montanha-russa, inclui-me fora dessa.

Vi um video feito na China, naquela ponte altíssima que tem chão de vidro, de um senhor a andar agarrado ao corrimão e com as pernas a tremer. Outra senhora uivava em horror, outra menina chorava copiosamente. Eu sou estas três pessoas juntas e quem estava a assistir ao vídeo estava a rir-se até às lágrimas.

Portanto, se a comédia me falhar, vou ser youtuber de altitude.

Para finalizar quero deixar aqui o meu descontentamento perante aquele aviso “Mantenha os medicamentos fora do alcance das crianças”. Mas como, se há crianças de 6 anos mais altas que eu?

 

Catarina Matos

Mealhadense emigrada na Alemanha

Humorista e atriz