A tragédia que assolou os concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos ainda estava no seu ponto alto, mas já os voluntários da Associação Quatro Patas & Focinhos se lembravam dos animais e do desfecho trágico que muitos poderiam ter e outros tantos poderiam vir a sofrer. Assim, lançaram uma campanha nas redes sociais e depressa se fizeram sentir os beneméritos. Situação que levou a que os voluntários já tenham ido cinco vezes a Pedrogão deixar cinco toneladas de alimentos para cães, gatos, porcos, galinhas, pitos, ovelhas, …

“Quando foi do conhecimento público a tragédia, e depois de sabermos o inevitável com as pessoas e respetivos bens, pensámos em como ajudar a cuidar dos animais, o que sabemos fazer de melhor e tão importantes para muitas delas”, declarou, ao «Bairrada Informação»,  Salomé Dias, presidente da direção da Associação.

“Percebemos rapidamente que a Ordem dos Veterinários já estava no terreno a cuidar, mas que, contudo, ao segundo e terceiro dias já havia animais a passar fome. Era inevitável que isso não acontecesse, dada a dimensão da tragédia! Lançámos o apelo na nossa página do Facebook – http://www.facebook.com/4patasefocinhos/ – e ao fim de quatro horas já tínhamos duzentos euros, o equivalente a uma tonelada de ração”, explicou Salomé Dias.

Uma quantidade que colocou, no imediato, estes voluntários “na estrada” para a primeira entrega. A primeira de cinco que já fizeram, num total de mil euros, representativo de cinco toneladas. E se de quatro vezes a entrega foi feita no quartel dos Bombeiros Voluntários e na Santa Casa da Misericórdia de Pedrógão, da última vez, a 30 de junho, os voluntários foram às aldeias.

“Ficámos ‘traumatizados’ com o que vimos. Aquelas pessoas vão precisar de apoio durante muito tempo e ajudar com a alimentação dos animais é importante, porque muitos deles são essenciais para a vida das pessoas”, explicou Salomé Dias, acrescentando que “até à próxima Primavera, os terrenos não vão dar alimentos para os seus animais subsistirem”. “Para os que sobreviveram, porque foram milhares os animais que morreram neste incêndio”, lamentou.

E é por isso que a campanha, diz Salomé Dias, durará por tempo indeterminado, “assim o queiram as pessoas”. “Sempre que enchermos uma carrinha, metemo-nos à estrada e da próxima vez queremos ir a Castanheira de Pera”, enfatizou a dirigente, enaltecendo o facto “de terem sido sempre muito bem recebidos em todas as situações (junto das entidades oficiais de entrega dos bens e nas aldeias)”.19260499_1765588867065484_5271399394761610409_n

“As pessoas estão satisfeitas com a onda de solidariedade, mas com muita necessidade de falar…. as ajudas, apesar de muito organizadas, nunca são de mais, neste caso concreto, refiro-me aos animais, sendo que podemos também levar bens alimentares para as pessoas e produtos de higiene pessoal e de limpeza também”, enumera Salomé Dias.

A Associação Quatro Patas & Focinhos está no terreno há nove anos, concentrada maioritariamente nos concelhos de Anadia e Mealhada. As suas atividades anuais prendem-se com a angariação de fundos para dar uma ajuda na (quase) uma centena de cães que “albergam” (trinta em famílias de acolhimento temporário), bem como realização de ações de sensibilização.

Agora, todo este trabalho está concentrado e dirigido para os concelhos afetados com o incêndio de Pedrogão e municípios limítrofes. Os interessados podem contactar a Associação através da página oficial no Facebook e/ou contactar o número de telemóvel 918 570 448.

 

Fotografias do Facebook “Associação Quatro Patas e Focinhos”