“Não deixemos os nossos velhos viverem sozinhos”. Palavras de Fernando Regateiro, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, na sessão de abertura do “I Congresso Internacional de Geriatria e Saúde Mental”, organizado pela Replicar Socialform. O encontro realizou-se durante todo o dia de 23 de junho, no Cineteatro Municipal Messias, na cidade da Mealhada, e contou com centenas de participantes oriundos de diversas entidades que trabalham, diariamente, com idosos.

“Quando a sociedade vivia menos, o que afligia eram as doenças agudas. Hoje, com o prolongamento da idade de vida, temos que reflectir quem deve ser o gestor da nossa doença”, disse Fernando Regateiro, defendendo um contacto primordial com o médico de família. “É quem está próximo de nós e conhece a história da nossa família”, enfatizou.

Para o presidente do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra “o médico de família saberá a necessidade de se recorrer aos médicos de saúde pública, às tecnologias complexas dos hospitais ou até aos cuidados continuados”. “As soluções não se encontram nos hospitais e não se deve olhar para eles como as catedrais da saúde. Deixemos que o nosso médico de família diga o que é melhor para nós, mesmo em caso de doença”, enfatizou.DSC03156

E continuou: “A urgência é para os casos difíceis, complexos, e é o pior sítio para se estar. Metade dos casos que vão parar aos hospitais eram muito melhor tratados em casa, com o médico de família”.

Para Fernando Regateiro a solução de muitas “doenças” é simples a passa por terapia não medicamentosa, como é o caso, “de um familiar, amigo ou vizinho, que possa vê-lo, ouvi-lo, cheirá-lo e tocar-lhe”.

Sérgio Viana, vogal da direção da Delegação Regional do Centro da Ordem dos Psicólogos, em representação do Bastonário, considera que tem que haver “uma promoção do envelhecimento ativo, bem como a prevenção do isolamento, depressão, ansiedade”. “É necessário que haja mais psicólogos nas instituições, pois a saúde física está ligada à saúde mental. Estamos cá para dar a esperança que muitos idosos não têm”, concluiu.

Presente esteve também Pio Abreu, Bastonário da Ordem dos Médicos, que começou por colocar uma questão retórica à plateia: “O que fazer com as pessoas depois dos cinquenta anos? E digo cinquenta porque há um século esta era a esperança média de vida. Hoje duplicámos essa idade e, por isso, o nosso sistema teve que se adaptar e a medicina reinventar à nova realidade”.

Manuel Ruivo, diretor do Centro Distrital da Segurança Social de Aveiro, fez uma breve resenha histórica da saúde em Portugal. “Temos, neste momento, uma esperança média de vida grande e a natalidade vai descendo e é preciso dizer-se que só nos últimos dez anos é que foram construídos cuidados continuados, nomeadamente, para a saúde mental”, disse Manuel Ruivo, desejando que “o futuro seja para melhor!”.

E sobre o tema, Rui Marqueiro, presidente da Câmara da Mealhada, disse: “Sei que há dificuldade em encaminhar as pessoas com alzheimer. Fui desafiado pela Misericórdia da Mealhada a tentar encontrar forma ou apoio para que a instituição possa ter um espaço para olhar por este tipo de doenças”. “O Município tem a obrigação de ajudar neste tipo de situações e se for eleito, juro-vos aqui, que isso será feito”, garantiu o edil.

Para dar as boas vindas subiu também ao palco Rui Maia, diretor da Replicar Socialform.