O vinho da Bairrada. Ainda não se falou o suficiente sobre esta maravilha. Também gosto dos vinhos do Douro. E aos do Alentejo não digo deste vinho não beberei. Quando me perguntam qual é a minha região demarcada preferida eu respondo que gosto do vinho na região demarcada do meu copo para depois ir para a região demarcada do meu estômago. E por aí fora.

O meu primeiro contacto com o vinho foi muito infeliz. Até porque foi cedo demais, foi por engano e aconteceu porque eu pensei que era Coca-cola.

Eu e a minha irmã tínhamos ido ao Circo. O circo é daquelas coisas que sempre me fez confusão, fazia-me impressão aquelas pessoas que trabalham no circo que andam sempre de terra em terra, até foi assim que aprendi a palavra “nómada”. Pensava eu “então e depois como é que o carteiro lhes entrega as cartas?”. E não é só isso, andar a viajar com um “trolley” de rodinhas atrás já é o que é, agora imaginem andar com elefantes, macacos e leões.

Uma vez chegou um circo estrangeiro e montaram a tenda mesmo em frente a minha casa, dentro recinto da Feira. Estava um homem com ar de ser de fora, a colar um cartaz com várias folhas nas paredes exteriores e eu e a minha melhor amiga, a Alice, fomos lá falar com o senhor. Perguntamos “de ondi és?” para ver se o senhor nos entendia. Ele riu-se e continuou a colar. Falámos mais alto, porque normalmente assim eles entendem português. Nas folhas já coladas lia-se CHECOSL e ainda faltavam colar algumas folhas. Entretanto a Alice apontou para a palavra incompleta e ele exclamou, com um ar muito sério: “CHECOSLOMIERDA!”. E depois rimos muito.

Mas voltando ao vinho: cheguei do circo cheia de sede, vi um copo com um líquido que parecia Coca-cola (coisa que nunca havia em minha casa, de resto) e pumba! grande golada no líquido que restava. Claro que odiei e pensei NUNCA MAIS. (risos)

É como diz o outro “primeiro estranha-se, depois entranha-se” ironicamente isto era sobre a Coca-cola. Fiquei fã de vinho muitos anos depois. E estou muito feliz no outro dia porque li um artigo que dizia “um copo de vinho por dia dá saúde”. Ora, pelas minhas contas, eu já sou imortal!

 

Catarina Matos

Mealhadense emigrada na Alemanha

Humorista e atriz