Estou a morar na Alemanha e vim morar para o país certo: no dia 11 de dezembro começou o pré-carnaval, e agora é beber até fevereiro ou até ao coma, depende do que vier primeiro.

Quando eu era pequena morava na Póvoa da Mealhada e, quando começava o Carnaval, a festa passava-se toda no Centro. Ou seja, eu sentia-me mais excluída que os ovários da Angelina Jolie. Mal ouvia aquela música alta nos altifalantes, lá atravessava a estrada nacional para me integrar na festa e ver o cortejo. Até hoje é das épocas do ano que mais gosto, porque há ali uma libertação que está adormecida durante o resto do ano. As pessoas não se levam tão a sério porque o Carnaval é festa, rebeldia, riso, serpentinas misturadas com aquele aroma das farturas que os vendedores ambulantes trazem. Como dizia Luciano Spagnol, um poeta mineiro:

Fevereiro, que venha:

Suave e alegre o carnaval

Que sua folia seja a senha

De comemoração, afinal

Seriedade de março a janeiro

Entre confete e serpentina que tudo seja especial

E neste bonde, não sejamos meros passageiros…

Feliz fevereiro, feliz carnaval!

Quando passa o cortejo com as Escolas é impossível não reparar no trabalho que tudo aquilo deu a muita gente: pessoas que trabalharam para os outros se divertirem. Em cada fato do cortejo estão horas de trabalho, meses de organização, muitos dedos furados, muitos metros de tecido, mãos cheias de lantejoulas e quantidades infinitas de paciência, tudo multiplicado ao infinito por talento. É muita dedicação para entregar o melhor de si. E nós, espectadores sortudos, ficamos assim de ladinho encantados e deixamos o cortejo da Alegria passar. O melhor desta nossa festa é que, quando acaba, já começamos a pensar na próxima.

O Carnaval é aquela época do ano que nos faz visitar as expressões populares e pensar:  “Então mas se a vida são 2 dias e o Carnaval 3, o último dia de Carnaval é só para os zombies?”

É aquela época do ano em que começamos a pensar como a Branca de Neve: porquê beber uma mini quando posso beber 7?

São aquelas noites de folia em que dançamos até de madrugada. E o pior de passar a noite a dançar é a vontade que dá de beber cerveja!

A rebeldia do Carnaval continua no dia de ressaca… e quando quero ser rebelde, cuidado comigo! Chego a ser capaz de beber Pepsi num copo de Coca-cola!

Vemo-nos em fevereiro?

Catarina Matos